Paulista Aberta completa 10 anos com celebrações e críticas pela falta de ações em outros bairros

Paulista Aberta: programa leva qualidade de vida para as pessoas a um custo baixo para o poder público. Foto: Adobe Stock

Há 3h - Tempo de leitura: 3 minutos, 36 segundos

Em 2025, a Paulista Aberta, iniciativa que fecha a avenida mais emblemática de São Paulo para veículos motorizados e a abre para pedestres aos domingos e feriados, completa 10 anos.

Leia também: Mobilidade ativa: quais capitais brasileiras são boas para ciclistas?

Ela faz parte do Programa Ruas Abertas, da Prefeitura de São Paulo, que começou com a Avenida Paulista em 2016 e, em 2023, se expandiu para algumas vias do bairro da Liberdade.

Se, por um lado, a ação é celebrada, por ganhar o reconhecimento da população como um rico e amplo espaço de convivência, ela também gera questionamentos por estar restrita hoje a apenas dois pontos, ambos localizados em áreas centrais da capital paulista.

De acordo com Letícia Sabino, diretora do Instituto Caminhabilidade e uma das idealizadoras da mobilização que levou à criação, há uma década, da Paulista Aberta, ao fazer um balanço da iniciativa é importante observar dois lados.

“É preciso celebrar que uma cidade que, nos últimos dez anos, passou por muitos movimentos de privatização dos espaços públicos e de extensão de infraestrutura para carros, mantenha uma política tão relevante como essa”, afirma.

Segundo ela, ao tirar os veículos das ruas a Paulista Aberta devolve o espaço para as pessoas. Para que se divirtam, pratiquem esportes, socializem e estejam em contato com diversas atrações culturais.

“E mostra que ela tem persistido por várias gestões municipais. O que significa que não se trata de uma ação de um ou outro político, mas que foi abraçada pela população paulistana”, completa.

Paulista Aberta: política restrita

O outro lado abordado por Letícia, contudo, é com relação ao programa Ruas Abertas como um todo. “Nesse sentido, no entanto, não há o que comemorar. Em 2016, todas as subprefeituras da capital paulisa contavam com uma via fechada para veículos motorizados”.

De acordo com ela, esse período durou muito pouco e, na primeira mudança de gestão, com João Dória (PSDB) como prefeito, começou a ser descontinuada até terminar”, afirma.

Assim, para a especialista, é evidente o desinteresse da atual gestão municipal em promover espaços públicos democráticos de forma consistente.

“O que vemos, inclusive, é um movimento de sentido contrário, de privatização em parques, praças, como no caso do Vale do Anhangabaú. E o Ruas Abertas não tem esse caráter, nem pode ter”, opina.

De acordo com Letícia, trata-se de uma política que deveria ser valorizada. “Ela leva qualidade de vida para as pessoas, com um custo baixíssimo para o poder público. Mas que precisa ser espalhada por toda a cidade”, diz.

O que diz a prefeitura

Questionada sobre o motivo de não expandir o programa para outros bairros, a Subprefeitura Sé afirma, por nota, que ‘para a inclusão de novas vias, é preciso que a comunidade local demonstre interesse, participando de audiências públicas onde podem expressar suas opiniões e votar’.

A nota pontua, entretanto, que ao longo de dez anos, a Paulista Aberta programa trouxe benefícios. Entre eles estão a maior valorização do espaço público, impacto econômico positivo e fortalecimento da comunidade.

E destaca, ainda, que o maior desafio do programa tem sido com a preservação do espaço público como bem coletivo e de uso livre. Ou seja, sem privatização ou exploração comercial indevida.’

‘Dessa forma, a Prefeitura segue avaliando e aprimorando seus procedimentos, sempre buscando garantir equilíbrio entre a promoção de cultura, ocupação democrática do espaço e o respeito às normas de convivência urbana’, finaliza a nota.

Saiba mais: 7 resultados da Pesquisa Origem e Destino, do metrô, que você precisa saber

Serviço
Programa Ruas Abertas no Centro

Datas: domingos e feriados
Horário: das 9h às 16h
Locais:
1) Avenida Paulista: da Praça do Ciclista à Praça Oswaldo Cruz
2) Liberdade:
* Rua dos Estudantes: entre a Avenida da Liberdade e Rua da Glória
* Rua Américo de Campo: entre Rua Galvão Bueno e Rua da Glória
* Rua Galvão Bueno: entre Rua dos Estudantes e Rua Américo de Campos
* Rua dos Aflitos
Fonte: Subprefeitura Sé