Os números que envolvem os acidentes de trânsito no Brasil são assustadores. Segundo o Observatório Nacional de Segurança Viária, de 90% a 95% das ocorrências são provocadas por falha do motorista, como dirigir sob efeito de álcool, usar o telefone celular ao volante ou fazer uma manobra errada. O resultado é que, todos os anos, 45.000 pessoas morrem nessas situações.
O saldo poderia ser bem pior se não fossem as tecnologias existentes nos automóveis, que ajudam a salvar milhares de vidas. São sistemas de segurança ativa, passiva e de assistência ao condutor desenvolvidos – e atualizados – pela Bosch há muitas décadas e que deixam os carros mais seguros e passageiros menos vulneráveis.
Assim como o ABS (sistema antibloqueio de frenagem) e o ESP (programa eletrônico de estabilidade), os dispositivos de assistência ao condutor atendem por siglas como, por exemplo, ACC (piloto automático adaptativo), AEB (frenagem automática de emergência) e LKS (assistência para permanência na faixa).
Trata-se de uma sopa de letrinhas que contribui para tornar o trânsito menos hostil e perigoso. No Brasil, essas tecnologias começaram a se difundir principalmente a partir de 2014, quando os carros zero-quilômetro passaram a ser equipados, obrigatoriamente, com ABS e airbags frontais.
“A preocupação com esse tema e tão grande que Organização das Nações Unidas (ONU) criou a Primeira Década de Ação pela Segurança no Trânsito, de 2011 a 2020. A meta era a redução global de 50% de lesões e mortes no trânsito”, afirma Michel Braghetto, gerente de Marketing da Divisão de Chassis Systems Control da Bosch. “A queda no Brasil foi de aproximadamente 30% , mas, considerando as dificuldades, foi um grande avanço para diminuir a violência no trânsito. Naturalmente, ainda há muito a ser feito.”
Seguramente, junto ao ABS e ao airbag, um dos grandes responsáveis por essa redução foi o programa eletrônico de estabilidade, capaz de prevenir até 80% dos acidentes causados por derrapagem, de acordo com estudos da Bosch. “O ESP combina a função do ABS e também controla a tração e a estabilidade do automóvel”, explica Braghetto.
Por meio de sensores de velocidade ligados às rodas e outros à carroceria, o ESP detecta uma situação crítica e, independentemente da ação do motorista, executa a frenagem e a aceleração do veículo para levá-lo de volta à pista.
O dispositivo não permite que o carro perca o controle em derrapagens e ainda o auxilia em saídas bruscas. “O ESP surgiu em 1995, no Brasil já é mandatório para novos modelos desde 2020 e será obrigatório em todos os novos carros no território nacional a partir de 2024. Além disso, servirá de base para os sistemas do futuro, que trarão ainda mais vantagens para o usuário”, revela Braghetto.
No entanto, muito antes do prazo da legislação entrar em vigor, a maioria dos automóveis novos comercializados no Brasil já possui o ESP. “No ano passado, 60% dos veículos leves emplacados no País tinham o sistema”, diz Braghetto. “Hoje, a segurança também é um fator primordial para 90% dos consumidores brasileiros, que participaram de uma pesquisa realizada no ano passado”
Outro recurso essencial desenvolvido pela Bosch é a frenagem automática de emergência, que pode reduzir as colisões traseiras contra veículos. O sistema monitora o tráfego e identifica potenciais obstáculos, alertando o motorista. Se o condutor não reagir, o próprio sistema aciona a frenagem.
Braghetto conta que esse item vem ganhando presença nos automóveis novos. “Em 2018, apenas 1,5% dos carros tinha esse equipamento. Em 2019, esse número subiu para 4% e, no ano passado, estava em 7%”, salienta. O AEB é tão importante que 72% das colisões traseiras poderiam ser evitadas se todos os veículos fossem equipados com o sistema.
A assistência para permanência na faixa também é um dispositivo fundamental para evitar acidentes, na medida em que ajuda a manter o veículo dentro da faixa de rodagem. Se o carro começa a invadir a pista ao lado sem o acionamento da seta, o sistema emite um alerta sonoro e pode até ajudar a corrigir a rota de forma automática. É um forte aliado em casos de distração ou fadiga do motorista.
Já o piloto automático adaptativo (ACC) vai além, com duas funções básicas: manter a velocidade do carro e a distância em relação ao veículo a frente a partir de parâmetros estabelecidos pelo motorista. Vale ressaltar que o ACC não é um recurso de direção autônoma e sim um sistema de assistência que deixa a viagem mais segura e confortável.
Mas não são apenas os automóveis que se beneficiam com as tecnologias de segurança. Eles também minimizam a seriedade dos acidentes envolvendo motocicletas. Quando a moto é equipada com ABS, por exemplo, 25% dos acidentes podem ser evitados e 34% ter a gravidade reduzida.
Outros dispositivos podem equipar as motos, como o controle de estabilidade para motocicletas (MSC), com funcionamento análogo ao ESP dos automóveis. Ele evita derrapagens e a possibilidade de a moto sair de traseira. Já o sistema de detecção de ponto cego emite um aviso ao condutor de que algum veículo está fora de seu campo de visão.
“A disseminação das tecnologias de segurança é um pouco mais lenta nesse segmento”, afirma o executivo da Bosch. “O Brasil tem uma quantidade expressiva de motos abaixo de 250 cilindradas, nas quais a taxa de instalação dessas tecnologias é menor. Infelizmente, as motos dotadas desses eficazes sistemas de segurança ainda são uma realidade relativamente distante do nosso mercado”, destaca Braghetto.
A Bosch também já está se preparando para o futuro, que marcará a chegada de automóveis autônomos. O nível 3 é o divisor de águas dessa evolução, pois define o momento em que o motorista não é mais o condutor do veículo, embora ainda seja responsável pelo seu contingenciamento. Ele se movimentará por conta própria, guiado por sensores ultrassônicos, câmeras, radares e outros elementos, que vão captar as informações para abastecer a unidade de controle (ECU), que comandará a trajetória e a velocidade.
Não é só. Com a tecnologia 5G e a inteligência artificial, os automóveis com níveis maiores de automação poderão se comunicar entre si e com a infraestrutura das cidades. Assim, estarão contribuindo para o fim dos congestionamentos e a redução do risco de colisões e atropelamentos. Quando isso acontecer, as tecnologias desenvolvidas pela Bosch mais uma vez estarão a serviço de um trânsito mais seguro.