Ilustração da Estação Mané Dendê do teleférico de Salvador. Foto: Divulgação
O teleférico de Salvador deve ligar a Praia Grande no Subúrbio Ferroviário, até a estação de metrô Campinas de Pirajá da Linha 1-Vermelha da cidade. Segundo Tânia Scofield, presidente da Fundação Mário Leal Ferreira (FMLF), que é a responsável pelo projeto, o transporte por vias aéreas é um modal complementar ao VLT e ao metrô de Salvador, e deverá ser concluída em até três anos após o início das obras.
De acordo com dados da fundação, cerca de 300 mil pessoas vivem hoje na região que será atendida e têm dificuldade de chegar aos centros da cidade via transporte público. Hoje para chegar a uma estação de metrô, partindo do local, o usuário demora de 1h a 1h30 no ônibus dependendo do trânsito. O teleférico de Salvador promete realizar a viagem no tempo de 18 minutos em seus 4,3 km de extensão.
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Com quatro estações e 27 torres de sustentação, a ideia é que os cabos de ligação passem a um máximo de 45 metros de altura e as paradas recebam, a princípio, 4 mil passageiros por hora. “Vamos realizar trabalhos sociais com a população que irá utilizar o transporte para acostumar o cidadão. É o primeiro modal do tipo que seja com a finalidade de transporte público no país, então pode gerar estranhamento”, disse a presidente da FMLF.
Para a obra, a prefeitura de Salvador realizou um empréstimo de cerca de R$ 400 milhões junto ao CAF Banco de Investimento da América Latina e Caribe, e a previsão é de mais dois meses até dezembro para fechar o orçamento. Segundo projeções da fundação, o início das obras deve ser no segundo semestre de 2026.
Sobre as passagens, a ideia é a de incorporar o teleférico ao sistema integrado de transportes públicos de Salvador, que já incluem o metrô, ônibus e VLT.
A vereadora Marta Rodrigues (PT-BA) ressalta, no entanto, que obra coleciona polêmicas como a falta de transparência e debate político.
“A proposta de conectar o Subúrbio é necessária, mas o teleférico, isoladamente, não resolve o problema da mobilidade”, afirmou ao ser questionada sobre a viabilidade da solução.
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Ainda existe uma questão levantada pela vereadora sobre a instalação de torres no Parque São Bartolomeu que possui território sagrado do candomblé e espaço de celebração ancestral da população negra. “Qualquer interferência ali é um atentado à memória coletiva e à espiritualidade afro-brasileira” afirmou.
Segundo a FMLF, será instalada uma única torre no parque que terá um impacto de 3 metros de diâmetro. Toda manutenção do equipamento será feita longe do solo, não causando intercorrências mais invasivas no parque.
Segundo Marta Rodrigues, apesar do fato da obra ter sido incluída em programas com apoio do Banco Mundial e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), não há divulgação pública dos contratos ou termos de empréstimo. “Não se sabe o valor exato dos financiamentos, as contrapartidas municipais, os prazos de pagamento, nem os custos futuros de manutenção do sistema”, finalizou falando sobre a transparência da obra.