O crescimento populacional em grandes centros urbanos trouxe muitos desafios. Um dos mais recorrentes em qualquer parte do mundo é o da mobilidade urbana. Alguns países ou cidades já conseguiram resolver a questão de forma mais eficiente; outras ainda engatinham.
Curiosamente, os desafios de mobilidade de pessoas começaram a extrapolar a área central dessas cidades, pela adoção de novos comportamentos da população. A busca por qualidade de vida no interior, em cidades menores ou condomínios no campo veio se intensificando ano a ano e sofreu acentuada aceleração durante a pandemia.
Vemos um aumento no tráfego de carros nas principais estradas que ligam as grandes capitais às cidades ao redor, com ocorrência comum de congestionamentos. Uma pesquisa aponta que a Rodovia dos Bandeirantes, uma das principais de São Paulo, vai colapsar até 2035.
Por isso, viabilizar outros modais de transporte de passageiros, levando em conta o impacto ambiental na implantação de sua estrutura e operação, é uma solução que deve ser considerada e desenhada com urgência para que os problemas na mobilidade urbana sejam evitados.
Pegando um exemplo real e atual, há um projeto em andamento, com audiência pública programada para o final deste ano, para o desenvolvimento de uma linha de trens de passageiros ligando a cidade de São Paulo a Campinas.
Nesse trecho no qual existe uma linha de trens de carga, mas, por não ser recomendável operar simultaneamente na mesma linha trens de carga e de passageiros devido às velocidades de tráfego bastante distintas, seria viável a construção de uma nova linha ao lado da atual, utilizando parte de uma estrutura instalada.
No trecho entre a capital paulista e a cidade de Jundiaí, aproximadamente, metade do percurso total previsto, existe uma operação de trens de passageiros eletrificada, mas, de Jundiaí a Campinas, os trens operam, exclusivamente, movidos por motores a diesel (não há estrutura de eletrificação instalada). Poderíamos sugerir a extensão da rede elétrica para a outra metade da linha; porém, o custo de implantação e impacto ambiental dessa infraestrutura é extremamente alto.
Assim, a saída mais rápida e barata seria a adoção de um sistema de trens híbridos, adotada em outros países, na qual os trens poderiam operar com sistema de combustão interna ou com eletrificação externa. Respeitam-se os modelos de geração existentes, com resultado altamente eficiente.
Vou citar um caso com equipamentos da Voith. Um trem com essa motorização pode atingir com segurança nesse trecho a velocidade de 160 quilômetros por hora, tornando o trajeto mais rápido do que se feito de carro, mais seguro e confortável. Do centro de Campinas ao de São Paulo (Estação da Luz), seriam gastos, aproximadamente, somente 40 minutos.
Outra vantagem desse sistema híbrido é utilizar a eletricidade dentro das regiões urbanas, sem emitir poluentes nas áreas nas quais, exatamente, se tem como um dos maiores desafios a poluição do ar.
Antes que se argumente que, quando estiver no modo a diesel, as máquinas se tornam fontes poluentes, os atuais motores da Voith estão no estágio 3B da Norma UIC, atual exigência na União Europeia. Como referência, no Brasil, os carros podem e emitem dez vezes mais partículas de poeira e 50% mais monóxido de carbono do que esses motores de locomotiva.
Os trens de passageiros pareciam coisa do passado, mas, com toques de tecnologia, passam a ser coisa do futuro e uma solução viável e importante para a mobilidade urbana.