As baterias dos carros elétricos merecem cuidados e atenção. O equipamento ainda é o componente mais caro de um veículo elétrico, representando cerca de 70% do custo de produção. Em compensação, ao contrário dos automóveis com motor a combustão, os cuidados que ela exige são mínimos.
“A palavra manutenção praticamente desaparece do vocabulário durante as revisões”, afirma Davi Bertoncello, diretor de relações institucionais e cofundador da Tupi Mobilidade, empresa de soluções para o ecossistema da eletromobilidade. “Esqueça as trocas de óleo e as manutenções frequentes.”
Isso não impede, porém, alguns cuidados com a bateria para prolongar ainda mais sua vida útil. Bertoncello conta que algumas montadoras recomendam descarregar totalmente a bateria e recarregá-la até 100% a cada seis meses para manter o sistema alinhado.
“Mas, atualmente, estamos falando de uma geração de baterias muito avançada, a ponto de superar facilmente a vida útil do carro – em torno de 500 mil ou até 1 milhão de quilômetros rodados. É uma revolução em termos de durabilidade, que significa liberdade para o motorista dirigir sem se preocupar com desgastes constantes”, destaca.
De toda forma, o usuário deve ter alguns cuidados ao dirigir um carro elétrico. Embora o conjunto da bateria seja protegido por um invólucro resistente e vedado contra penetração de água, é preciso impedir impactos severos, como batidas em guias, lombadas e outros obstáculos.
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Afinal, tubulações de sistemas de refrigeração líquida, chicotes e conectores elétricos são pontos críticos e o choque direto nessas áreas pode desligar as partes energizadas para evitar fuga de energia.
Também é prudente prestar atenção ao passar em áreas inundadas. Embora testes dos fabricantes comprovem que a estanqueidade dos sistemas elétricos é eficiente e segura atém mesmo em submersão completa, recomenda-se evitar essas situações, principalmente em faixas de rua à beira da praia.
Alguns especialistas afirmam que a energia mantida entre 20% e 80% da capacidade total ajuda a preservar a bateria. O componente é gerenciado por um sistema eletrônico programado, a fim de evitar limites extremos de carga e descarga.
Em geral, o sistema retém uma determinada quantidade de energia, impedindo que toda a carga seja utilizada. Se uma bateria tem, por exemplo, 55 kWh, será possível usar 52 kWh. A diferença permanece armazenada, protegendo as células de uma descarga completa.
O ciclo de vida da bateria – cuja garantia é geralmente de oito anos – não chega ao fim após a utilização veicular. Quando sua capacidade se esgota no automóvel, ela pode ser reaproveitada no fornecimento de energia de uma residência ou para ligar eletrodomésticos.
“Em relação à segurança, vale ressaltar que os veículos elétricos pegam fogo 60 vezes menos que os carros a combustão”, diz Bertoncello. “Ou seja, eles são mais eficientes e seguros e proporcionam experiência de condução superior”, completa.
Embora as baterias estejam em constante evolução, as empresas seguem nas pesquisas para torná-las mais eficientes. Um estudo da Siemens comparou estratégias diferentes de recarga e suas influências na vida útil das baterias durante um ano. As análises abrangeram recarga de referência, recarga just-in-time, recarga de oportunidade e vehicle-to-grid (V2G), situação em que o carro pode mandar a energia de volta para a rede elétrica.
Os resultados revelaram que a recarga de oportunidade – quando, por exemplo, o usuário deixa o carro recarregando no estacionamento de um shopping enquanto faz compras – causou maior perda de capacidade, enquanto a estratégia de referência foi a menos agressiva.
O estudo também comparou as químicas de baterias de lítio, como lítio-níquel-cobalto-alumínio (NCA) e lítio-ferro fosfato (LFP), para verificar o desgaste do componente. As baterias de lítio são as mais usadas pela indústria automotiva por uma série de fatores: são leves, ocupam menos espaço, dão mais autonomia, têm maior disponibilidade no mercado mundial e apresentam menor impacto ambiental.
O principal desafio no aperfeiçoamento da bateria, porém, é aumentar a densidade de energia para ampliar a autonomia, melhorar a segurança e reduzir custos. Dessa forma, as fabricantes buscam desenvolver químicas mais ricas e eficientes para deixar os veículos elétricos mais confiáveis.