Volta às aulas: ONG ensina como ir para a escola de bike em segurança

Guia da ONG Aromeiazero traz doze recomendações para ir de bike para a escola em segurança; Foto: Adobe Stock

08/02/2024 - Tempo de leitura: 5 minutos, 0 segundos

Com o retorno das aulas, voltam, também, os índices maiores de congestionamento nas cidades. Assim, para ajudar a transformar essa realidade, e promover o desenvolvimento integral de crianças e adolescentes, o Instituto Aromeiazero, ONG que usa a bicicleta como instrumento para redução das desigualdades sociais, acaba de lançar um guia para ajudar a implementar a bicicleta na rotina dos estudantes.

Leia também: A cidade das crianças

Batizado de ‘A Bicicleta como ferramenta pedagógica”, o material tem como objetivo fazer a conexão entre vivências e a educação, resgatando a rua e o espaço público como lugar de aprendizagem, convivência e de expressão cultural.

“Sabemos que além de divertido e saudável, a bike contribui para construir cidades sustentáveis e resilientes. Pedalar é mais que um impulso para lazer e deslocamento, é um modo de vida. E a razão de criarmos esse material surgiu do questionamento: ‘Como podemos contribuir para um futuro sustentável e seguro para nossas crianças?’, explica Cadu Ronca, diretor do Instituto Aromeiazero.

Entretanto, mais do que dar dicas e recomendações sobre os cuidados para quem decide usar a bike no trajeto casa-escola, o guia visa levar o tema para dentro das escolas, usando o modal para discutir sustentabilidade, cidadania, convivência, segurança e outras formas de locomoção além do carro.

Rodinha zero

O material é fruto da experiência do Aromeiazero com o projeto Rodinha Zero, que desde 2016 já ajudou mais de 4.200 crianças a pedalar sem o auxílio das rodinhas. Ele acontece em parceria com escolas municipais de São Paulo, SESCs, Ruas Abertas, parques, entre outros espaços da cidade.

Em 2019, o projeto recebeu menção honrosa no Prêmio Educação em Direitos Humanos e Cidadania promovido pela Secretaria de Educação do Município de São Paulo, com a ação na Escola Municipal de Educação Infantil EMEI Ana Rosa.

Saiba mais: Prêmio destaca as melhores cidades do Brasil para os deslocamentos a pé

Pedalando para a escola

A segurança no deslocamento de modos ativos, tanto de bicicleta como a pé, é uma preocupação válida que pode desestimular pais, especialmente de adolescentes, a permitirem que seus filhos façam o trajeto escola-casa de bike.

Para Ronca, esse é um desafio que precisa ser olhado de maneira holística, envolvendo a comunidade escolar, alunos, famílias e a comunidade em geral. “O poder público municipal pode e deve investir em infraestrutura adequada para ciclistas e pedestres, ampliando a malha cicloviária, melhorando as calçadas e a iluminação pública, instalando faixas de pedestres elevadas além de ter o pode aumentar a segurança e a sensação de proteção”, diz.

Segundo o especialista, deve-se investir em educação para o trânsito, com campanhas sobre a importância de compartilhar as ruas de forma segura. “Nessa linha, a mensagem fundamental é que no trânsito a prioridade é dos modos ativos (pedestres e depois ciclistas) sobre os modos de transportes motorizados”, declara.

Para ele, a comunidade escolar também pode ajudar para o pedalar ser mais seguro criando os chamados bonde de bicicletas. “Essa experiência já vem acontecendo em várias cidades do Brasil e nada mais é do que juntar um grupo de estudantes e cuidadores para ir todo dia pedalando para a escola! Quando se está no coletivo, os que estão ao redor tendem a não apenas respeitar, como também abrir espaço para passagem, tornando o trajeto seguro”, declara.

Adicionalmente, é preciso treinar esses alunos, ensinando habilidades práticas de navegação, sinalização e comportamento seguro. “Lembrando que é fundamental se basear nos conceitos mais atuais, como do Visão Zero, e não focar na culpabilização das vítimas do trânsito pelos sinistros” finaliza.

Leia também: Entenda a relação entre ciclovias e a segurança dos ciclistas

Benefícios da bike para as cidades

  • Melhor aproveitamento do espaço público: em uma vaga de carro é possível estacionar
    até dez bicicletas
    ;
  • Custos menores de manutenção das vias: o desgaste no pavimento feito por um carro equivale ao gerado pela circulação de 9.600 bicicletas;
  • Maior circulação de pessoas: uma ciclofaixa para bicicletas permite circular seis vezes mais pessoas do que uma faixa onde circulam carros;
  • População mais saudável: R$ 34 milhões é o potencial de economia no Sistema de Saúde (SUS) com doenças circulatórias e cardiovasculares só na cidade de São Paulo, caso a população aderisse ao uso da bicicleta em suas atividades.

Fonte: A Bicicleta como ferramenta pedagógica, Instituto Aromeiazero/2024

12 dicas para ir para escola de bike em segurança

  1. Respeite sempre pedestres, cadeirantes e catadores
  2. Ocupe o meio da faixa de rolamento com a bicicleta e ande no mesmo sentido de circulação dos demais veículos
  3. Sinalize com as mãos quando for mudar de faixa ou entrar em outra via
  4. Seja cordial com os outros condutores e mantenha contato visual, principalmente nas conversões
  5. Evite pedalar nas calçadas e estacionar bikes prejudicando a circulação
  6. Dê preferência a ciclovias e ciclofaixas, caso a via tenha essas estruturas
  7. Cuidado com a abertura das portas ao passar do lado de automóveis
  8. Pare no sinal amarelo ou vermelho, não se arrisque
  9. Nas ultrapassagens de carro, ônibus ou caminhão, evite fazer isso quando eles estiverem em movimento; preste atenção aos pontos cegos, pois os motoristas não enxergam toda a movimentação dos ciclistas, principalmente na lateral e na traseira dos veículos
  10. O carro deve guardar uma distância de 1,5m para ultrapassar a bicicleta, mas fique atento aos motoristas que não cumprem essa recomendação
  11. Nas ciclovias evite buzinas, gritos, finas e ultrapassagens perigosas
  12. Evite usar fones de ouvido, trocar mensagens ou falar ao telefone.

Leia também: livro infantil mostra importância de uma cidade para pessoas – e não para carros