Caminhos para atravessar a crise: negócio de família

União de saberes e experiências ajuda a empreender e colocar comida na mesa. Ilustração: Getty Images

25/10/2021 - Tempo de leitura: 2 minutos, 23 segundos

Dos seus 56 anos, Maria Madalena Félix passou quase 18 como funcionária do sistema de transporte público da região metropolitana do Recife (PE). Começou como cobradora de ônibus e foi promovida a coordenadora de terminal, na fiscalização de chegadas e partidas. Madalena foi demitida em 2020, mas tinha uma alternativa em curso: Gleysson Ricardo e Nathália Santos, filho e nora, queriam empreender e a convidaram para participar.

Juntando verbas rescisórias de Madalena e Nathália — que também havia deixado o emprego de babá com carteira assinada —, a experiência anterior do casal em gestão e alimentação e os conhecimentos de Madalena na cozinha, o trio inaugurou em janeiro de 2021 uma loja de hambúrguer que funciona exclusivamente com em domicílio. Mas as coisas estão dando certo e, para atender a demanda e não perder o público que começa a retomar atividades presenciais, a família abrirá em breve a primeira loja física.

A nova realidade trouxe melhores condições de trabalho e mais qualidade de vida. Sim, há alguma instabilidade de fluxo de caixa, mas a autonomia é um benefício importante.

“É um bom negócio. É dinâmico e eu sobrevivo, tenho minhas coisas e minhas contas pagas e não me estresso”, afirma Madalena. “Não está tão tranquilo, mas está melhor do que antes”, completa Gleysson.

NORTE E NORDESTE DO BRASIL…
…contratam menos com carteira assinada
…lideram os rankings de desocupação e mercado informal Taxa de desocupação

Norte: 14,8%
Nordeste: 18,6%

Taxa de trabalho informal e/ou autônomo Norte: 55,6% Nordeste; 53,3%

BRASIL
– 24,8 milhões de trabalhadores por conta própria
– 35,6 milhões de trabalhadores informais, ou 40% da população ocupada

Fonte: Sebrae e Fundação Getúlio Vargas

POSSÍVEIS SOLUÇÕES

Em 2020, a Oxfam, organização da sociedade civil dedicada ao enfrentamento da fome e da desigualdade, publicou o relatório Dignidade, Não Indigência. “O mundo precisa aprender com a crise financeira de 2008, quando governos resgataram bancos e grandes empreendimentos enquanto pessoas comuns pagaram com uma década de austeridade econômica, com cortes de gastos em serviços públicos, como saúde e educação”, diz um dos trechos do documento (…). E mais: “A fortuna dos bilionários dobrou nos 10 anos seguintes, enquanto os salários dos trabalhadores praticamente não aumentaram. Pacotes de resgate financeiro podem ser uma oportunidade para mudar permanentemente os incentivos e modelos de negócios.

Com isso, é possível ajudar a promover uma economia mais humana e sustentável, na qual os trabalhadores sejam tratados de maneira justa.” Outras alternativas apontadas para conter a crise são a adoção de impostos emergenciais de solidariedade e a suspensão e o cancelamento de dívidas, sobretudo nos países mais pobres e com alta taxa de desigualdade social, caso do Brasil.