Centro cultural Totó é referência na periferia de Belém

Totó, educador social paraense, à frente do espaço de atividades culturais Totó e Cia. Foto: Eloíza Barbosa/divulgação

18/03/2022 - Tempo de leitura: 2 minutos, 56 segundos

O paraense Antônio Edson, de 48 anos, é um sonhador. Conhecido como Totó, o produtor cultural e educador social periférico mantém, junto com amigos, o Espaço Cultural Totó e Cia., no bairro do Benguí, periferia de Belém (PA). O lugar é um celeiro de arte, música, dança e atividades audiovisuais para crianças e adolescentes — um exemplo é programa Molecada Cidadã, que oferece sessões de filmes para jovens e crianças, com direito a refrigerante e pipoca.

O imóvel que dona Julita, mãe de Totó, deixou para o filho acomoda iniciativas que valorizam a arte popular no bairro. “Através de projetos sociais com crianças e adolescentes conseguimos ver uma potência cultural, sem falar que muitos jovens e famílias dizem que aqui é um local de sonhos, que é  possível chegar a uma faculdade e construir um futuro melhor na vida”, diz Totó.

Totó enxerga o Espaço Cultural como um lugar de pertencimento. Em 19 anos de atividade, mais de 2 mil pessoas participaram de palestras, shows e outras intervenções culturais. Grupos de folclore paraense, dança de rua, religião e cultura afro-brasileira o procuram para fazer seus eventos. Em 2022, novas parcerias foram firmadas. Uma delas é com o Grupo de Mulheres Brasileiras (GMB), que reúne idosos da igreja Rainha da Paz. Também há bandas de rock no circuito.

“O espaço é aberto para a comunidade, [as pessoas] contribuem como podem, na conta de energia por exemplo”, afirma o educador. “As vertentes culturais fazem eventos aqui direto […] Dança de carimbó, rock, teatro e cinema, ou seja, as pessoas enxergam esse local como referência para a valorização dos movimentos culturais da cidade.”

Muitos frequentadores dizem que o jeito simpático de Totó faz do lugar um encontro de boas conversas e conexões de amizades duradouras. Com poucos recursos, ele conta que já participou de editais de fomento à cultura, mas não foi contemplado. O espaço hoje é bancado por amigos, voluntários e moradores.

“Tudo aqui foi construído e mantido com um pedacinho de cada um. Muitos depositam seus sonhos aqui, através da colaboração mútua e das doações de materiais e equipamentos que recebemos para fazer os eventos e assim vamos remodelando o local. O espaço é um símbolo de resistência popular cultural”, diz Totó.

Autoestima e confiança — O bairro do Benguí sempre foi motivo de piadas e olhares estereotipados da sociedade paraense, por causa da violência e do tráfego de drogas. Mas ele não é só isso. Para moradores da região, por exemplo, o centro cultural mostra que é possível promover arte em território periférico quando pessoas se unem pela mesma causa.

Genilda Ferreira, educadora popular, acrescenta que o Totó e Cia promove “educação para que o morador conheça a música de qualidade, entretenimento para a juventude e acesso. Também levanta a autoestima da meia-idade, porque fazemos baile e eles vem, dançam e se divertem. O espaço cultural abrange toda essa camada de pessoas e só tende a crescer”, emenda Genilda. Ela tem 57 anos e é coordenadora da associação de moradores do Benguí.

Na pandemia, o funcionamento presencial do espaço Cultural Totó e Cia é feito dois dias na semana. Os eventos presenciais ficaram restritos a 50% da capacidade do lugar. Toda programação é anunciada nas redes sociais e orienta os frequentadores aos cuidados de proteção contra a covid-19.