“O principal fator pra você ter uma cidade boa na perspectiva da mobilidade urbana é um prefeito que realmente coloque isso como ponto importante e que esteja disposto a pagar o custo político para resolver questões que precisam ser solucionadas”. Jéssica Lima, especialista em mobilidade urbana com doutorado em engenharia de transportes e professora de engenharia na Universidade Federal de Alagoas
FORTALEZA (CE)
A capital cearense tem transformado a realidade local com gestão de dados, planejamento urbano e fiscalização eficiente. A velocidade das vias foi reduzida; as ciclovias, melhoradas e ampliadas. As calçadas também. Em 2019, o município registrou 197 vítimas de acidentes fatais de trânsito, uma redução de 50% em comparação a 2011. Recebeu em 2019 o Sustainable Transportation Award (STA).
SÃO PAULO (SP), RIO DE JANEIRO (RJ) E BELO HORIZONTE (MG)
Em 2015, o Sustainable Transportation Award (STA) reconheceu avanços feitos nessas três cidades, a exemplo de obras estruturais de transporte e de iniciativas como o Observatório da Mobilidade de Belo Horizonte, que tem a participação direta da população nas discussões de políticas públicas e demandas junto à prefeitura.
RIO BRANCO (AC)
Considerada a Copenhagen [na Dinamarca] brasileira, é atualmente a cidade que mais investe em infraestrutura cicloviária por habitante do país. São mais de 20 anos priorizando o transporte ativo como política pública de promoção do direito à cidade e 178 quilômetros de ciclovias.
CURITIBA
É uma das primeiras referências em transporte público e sustentabilidade no país. A cidade também é inspiração de um dos maiores casos de transformação social através da mobilidade urbana da América Latina: Medellín.
OUTROS PAÍSES
MEDELLÍN (COLÔMBIA)
Na busca pela superação da crise social e política causada pelas disputas do narcotráfico, o investimento em educação e na acessibilidade dos habitantes foram duas saídas encontradas pelos governantes. A capital colombiana tem sistema de integração de transportes eficiente. Os teleféricos Metrocable ligam as áreas mais altas e periféricas ao resto da cidade.
COPENHAGEN (DINAMARCA) E AMSTERDAM (HOLANDA)
Reconhecidas em todo o planeta pela qualidade de mobilidade e vida urbanas, ambas sofreram com a resistência de parte da população ao implementar as primeiras medidas de priorização dos modais ativos e do transporte público. “Quando eles foram colocar faixas exclusivas para bicicletas teve protesto e gente querendo quebrar as coisas. Comerciante dizendo que não ia dar certo e que eles iam falir”, conta a especialista e ativista em mobilidade urbana Jéssica Lima. Mas acabou dando certo. Professora de engenharia da Universidade Federal de Alagoas, Jéssica vê um certo “viralatismo” na exaltação dessas cidades como modelo de evolução social, sendo que passaram pelos mesmos problemas que os municípios brasileiros enfrentam na aplicação de políticas públicas de mobilidade. “A chave de sucesso essencial é a continuidade das ações.”
Segundo a professora, desde a década de 70 Copenhagen adota uma medida de gestão de tráfego que deixa o transporte particular motorizado em segundo plano. “É política de estacionamento muito caro, transporte público com várias tarifas diferentes, ciclovias, semáforos para bicicletas”, diz Jéssica. “Não adianta ficar construindo viaduto, alargando via. Você induz a demanda do carro e aumenta o congestionamento a longo prazo.”