Com reportagem de Leon Ferrari, O Estado de S. Paulo
Secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres alertou nesta segunda-feira, 7 de novembro, que nos encaminhamos para o “inferno climático” com “o pé no acelerador”. A fala foi direcionada a lideranças mundiais reunidas no Summit dos Líderes da Conferência do Clima (COP-27), aberta neste domingo no Egito. O chefe da ONU clamou por um “pacto de solidariedade” entre países desenvolvidos e economias emergentes.
“Esta conferência é um lembrete de que o relógio está correndo. Estamos na luta pelas nossas vidas e estamos perdendo. As emissões de gases de efeito estufa continuam crescendo. As temperaturas globais continuam subindo. Nosso planeta está se aproximando rapidamente de pontos de inflexão que tornarão o caos climático irreversível. Estamos na estrada para o inferno climático com o pé no acelerador”, afirmou.
Guterres lembrou que a população mundial deve em breve chegar aos 8 bilhões. “Este marco coloca em perspectiva o que é esta conferência do clima”, defendeu. “O que responderemos quando o bebê (de número) 8 bilhões tiver idade suficiente para perguntar?”
O chefe da ONU lamentou o “derramamento de sangue” e violência da Guerra na Ucrânia e de outros conflitos, mas frisou que as mudanças climáticas não podem sair do foco. “É o desafio central do nosso século. É inaceitável, ultrajante e autodestrutivo colocá-lo em segundo plano”, disse. Guterres também argumentou que muitos desses confrontos estão ligados ao “caos climático” e alertam para a urgência de agir.
“A ciência é clara aqui. A esperança de limitar o aumento da temperatura a 1,5°C grau significa zerar as emissões de gases estufa até 2050?, disse. “Estamos chegando perigosamente perto de um ponto sem retorno. E para evitar esse destino terrível, todos os países do G20 devem acelerar sua transição agora nestas décadas. Os países desenvolvidos devem assumir a liderança, mas as economias emergentes também são fundamentais para dobrar a curva de emissões globais.”
Ele pediu, então, para que os países desenvolvidos e economias emergentes façam um “pacto de solidariedade” em prol da meta dos 1,5ºC.
“Países mais ricos e instituições financeiras internacionais devem fornecer assistência técnica e financeira para ajudar as economias emergentes a acelerar sua própria transição para energia renovável”, exemplificou. “As duas maiores economias, os Estados Unidos e a China, têm a particular responsabilidade de unir esforços para tornar este pacto uma realidade. Ou fazemos um pacto de solidariedade climática ou um pacto de suicídio coletivo.”