Crianças aprendem robótica no Complexo da Maré

Programa Periferia e Tecnologia da Maré (Peritech) ensina robótica para os jovens do maior conjunto de favelas do Brasil. Foto ilustrativa: Getty Images

16/05/2022 - Tempo de leitura: 2 minutos, 37 segundos

Em meio a tantas palavras-chave que estão na base dos projetos de desenvolvimento social em comunidades cariocas, a inclusão e a educação são onipresentes. Diversas ações amparadas nesses dois pilares oferecem novas perspectivas e oportunidades para crianças e adolescentes dos territórios. É o caso do programa Periferia e Tecnologia da Maré (Peritech), que desde 2019 ensina robótica para os jovens do maior conjunto de favelas do Brasil.

Sob a coordenação das professoras Inês Di Mare e Ana Helena Senna — e apoio do Colégio Técnico Estadual Professor João Borges de Moraes —, os integrantes recebem capacitação para atuar nesse campo importante da tecnologia. As aulas são semanais e ocorrem na escola, que fica na Maré. O projeto é resultado da vontade de defender a cidadania e o direito à educação para as crianças da comunidade, afirma Inês.

O Mapa do Ecossistema Brasileiro de Bots, de 2021, diz que o mercado de robótica aumentou em 68% de 2019 a 2020. Naquele período, o número de máquinas que executam determinadas tarefas de forma autônoma (ou quase), como as que operam em linhas de montagem, passou de 60 mil para 101 mil. Hoje essa “população” está em 216 mil

“Nosso projeto demonstra toda a potência das comunidades”, diz a professora. “Montamos uma equipe de jovens de favela que exploram os conhecimentos básicos tradicionais da área de tecnologia e que também são ensinados a olhar para outras camadas sociais da vida, como a inteligência socioafetiva”, explica a Inês.

[Os curso desenvolve] Raciocínio lógico, cooperação, criatividade, autonomia e pensamento crítico e flexível. No domínio da computação, os jovens aprendem programação de robôs, uso consciente da internet, pesquisa científica e a percepção e criação de soluções inovadoras para problemas identificados no território (Inês Di Mare, coordenadora do Peritech)

Por causa da pandemia de covid-19, a Peritech Maré teve de se reinventar e adaptar a pedagogia ao ambiente online. Mas a limitação imposta pela quarentena não prejudicou as metas do programa, nem afastou parceiros dispostos a apoiar a iniciativa.

O Peritech da Maré venceu o Torneio Brasil de Robótica de 2021, na categoria Mérito Científico, e já participou da maior competição internacional de robótica em educação, a First Lego League 9FLL)

A equipe, formada por 10 alunos, sonha com o segundo prêmio no Torneio Brasil de Robótica, que acontece no fim de 2022. Ex-professor no Peritech, Lucas Dominique diz que nas aulas dava para perceber, no brilho dos olhos, a satisfação do aprendizado e a dedicação constante dos jovens. “É uma parada incrível”, afirma Lucas. “Trabalhar com pessoas jovens e periféricas que falam a mesma linguagem que você e ver elas olhando para um material de Lego que tem implementação robótica [e descobrindo que] você não só vai construir como vai colocar vida naquilo através da tecnologia. Isso é muito lindo de ver.”

Integrantes do Peritech da Maré participam de torneio de robôs. Foto: Divulgação