Dois anos depois, festas juninas voltam às ruas do Brasil

Festas de São João voltam a acontecer em todo o Brasil, depois de quase dois anos de isolamento por causa da pandemia. Foto ilustrativa: Getty Images

10/06/2022 - Tempo de leitura: 4 minutos, 8 segundos

As festas de São João estão voltando às ruas após quase dois anos de isolamento social. Porém, em alguns estados, resquícios da pandemia mantiveram celebrações tradicionais suspensas este ano. Para voltar a pular fogueira em grande estilo, o Expresso na Perifa, em parceria com o Nós, Mulheres da Periferia, selecionou arraiais tradicionais para curtir com todo o calor do folclore brasileiro.

Festival Folclórico de Parintins (AM)
A 55ª edição do Festival Folclórico de Parintins, celebrado desde 1965 na ilha de Parintins, a 420 quilômetros de Manaus, vai durar três dias. De 24 a 26 de junho, a festa acontece no Centro Cultural e Esportivo Amazonino Mendes, mais conhecido como bumbódromo, que tem o formato de uma cabeça de boi.

O festival é marcado pela rivalidade entre bois que representam o folclore do boi-bumbá, uma variação da história do bumba meu boi. Caprichoso, representado pela cor vermelha, é visto como o “boi do povo”; e Garantido, representado pela cor azul, é relacionado à “elite”.

Festival Bumba Meu Boi em São Luís (MA)
A preparação para os festejos começou em maio, com o festival Maranhão de Reencontros, que reuniu diversas manifestações artísticas tradicionais, e os ensaios de grupos de bumba meu boi no Estado.

Também conhecida como boi-bumbá, o bumba meu boi acontece desde o século 18 em comemoração aos santos populares dos meses de junho e julho. Também é marcada por danças típicas das regiões norte e nordeste, mas há manifestações do tipo em todas as partes do Brasil.

Os festejos giram em torno da lenda da morte e ressurreição de um boi: Mãe Catirina teve desejo de comer língua de boi quando estava grávida. Seu marido, Pai Francisco, não poupou esforços e foi atrás do boi favorito do fazendeiro para quem trabalhava. Este pede para que os empregados procurem o boi desaparecido, encontrado quase morto — com a ajuda de um curandeiro ele se recupera, mas há quem diga que o animal tinha morrido foi ressuscitado por um pajé.

São João de Campina Grande (PB)
Conhecida como o maior São João do mundo, a festa em Campina Grande, a 113 quilômetros de João Pessoa, deixa para trás duas edições anteriores que foram online e volta ao formato presencial. São trinta dias de festejo — com algumas restrições e cuidados sanitários.

O São João de Campina Grande é uma das principais festas juninas do Brasil e acontece na Paraíba desde 1985. A data mais importante é 24 de junho (dia de São João), mas há festas durante todo o mês, com apresentações de forró, competições de quadrilha e comidas típicas.

Forró Caju em Aracaju (SE)
O slogan deste ano é “de volta e danado de bom”. Depois de dois anos de atrações online, os festejos que começaram no dia 31 de maio vão até 29 de junho. Fórum do Forró, Circuito Folclórico Sergipano e Circular Junino estão entre as atrações.

Criado em 1993, o Forró Caju não tem uma base folclórica específica como as outras festas listadas, mas o ganhou o status de mega evento, com espaço exclusivo e uma programação robusta de música, culinária e  artesanato. A festa valoriza artistas locais e grandes nomes e movimenta turismo e economia.

Mossoró Cidade Junina (RN)
No retorno presencial, são celebrados também 25 anos de festa, com shows de artistas regionais, quadrilhas juninas, artesanato e comidas típicas em Mossoró. A cidade fica a 225 quilômetros de Natal. Terceira maior festa de São João do País, realizada desde 1996, a Cidade Junina atrai 1 milhão de pessoas por ano. O tema de 2022 é “tradição e liberdade’. Vai até o dia 25 de junho.

Terejunina em Teresina (PI)
Dos eventos listados nesta página, este é o mais jovem: a primeira edição aconteceu em 2013. Ao longo do mês de junho, os festejos valorizam a cultura local em shows, apresentações de quadrilhas e de bumba meu boi.

São João em Bonfim (BA)
Em Senhor do Bonfim, cidade no norte da Bahia e capital baiana do forró, os festejos vão de 22 a 26 de junho no Espaço Gonzagão. Originária das periferias da cidade, a festa é um fruto das trezenas de Santo Antônio, com orações ao santo por 13 dias. A tradição começou a atrair e estimular a criação de algumas manifestações culturais como as alvoradas e as bandas de pífano. Ao longo dos anos, foram agregadas as cantadeiras de roda que, em grupos, cantavam durante as festas de Santo Antônio, São João, São Pedro e São Marçal. Nesta época, são manifestações tradicionais a guerra de espadas e o forró do “sfrega”.