Extração de madeira em tora atinge maior nível desde 2012, diz IBGE

Operacão Amazônia fiscaliza municípios que mais desmatam em Mato Grosso, na região de Colniza, em julho de 2021. FOTO: CHRISTIANO ANTONUCCI/SECOM-MT

30/09/2022 - Tempo de leitura: 2 minutos, 28 segundos
Com reportagem de Daniela Amorim, O Estado de S. Paulo

→ houve crescimento de 30% de extração em 2021 contra 2020 em áreas naturais (e não em florestas plantadas para esse fim)
→ podem impulsionar esse tipo de extração a recuperação da economia e o aquecimento do mercado de móveis
→ outro fator do aumento de extração/desmatamento em áreas naturais é a tendência de abertura de novas fronteiras agrícolas
→ o aumento contribui para a destruição das florestas, mas o IBGE não consegue afirmar se toda extração é ilegal
→ é possível que órgãos reguladores tenham aumentado o número de licenças para a retirada de madeira em tora; para o desmatamento
→ os três estados que mais produzem madeira em tora:
1º Mato Grosso
1º Pará
1º Rondônia

O Estado do Mato Grosso ultrapassou o Pará em 2020, permanecendo na liderança do ranking de produção de madeira em tora extrativa em 2021, com 4,467 milhões de metros cúbicos, alta de 16,3% em relação ao obtido no ano anterior. No Pará, a extração totalizou 3,870 milhões de metros cúbicos, aumento de 10,9% em relação a 2020. Em terceiro lugar figurou Rondônia, com 3,008 milhões de metros cúbicos de toras, após um salto de 262,49% em relação ao obtido em 2020.

A produção de madeira em tora extraída de matas e florestas alcançou em 2021 o maior patamar em quase uma década. Foram retirados de áreas naturais — e não de florestas plantadas para fins comerciais — 14,808 milhões de metros cúbicos de madeira em tora, maior patamar desde 2012, quando esse montante era de 14,926 milhões de metros cúbicos. Os dados são da pesquisa Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura (PEVS) 2021, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O resultado significa um salto de 30,13% na extração de madeira em tora da natureza em relação ao montante produzido em 2020, o equivalente a 3,429 milhões de metros cúbicos a mais. “Tem algumas causas. Tem certa recuperação da economia. Muita gente fazendo obra, trocando os móveis de casa, tudo isso aquece um pouco o mercado de madeira em tora”, afirma Carlos Alfredo Guedes, gerente na Coordenação de Agricultura do IBGE.

“Tem a questão também que se você pegar os principais municípios que extraíram madeira, eles ficam em áreas de fronteira agrícola. A gente não pode afirmar porque a pesquisa não tem esse recorte, mas tem essa tendência de abertura de áreas para novas fronteiras agrícolas, seja para entrar com agropecuária seja para entrar com agricultura”, justifica. “Não quer dizer que essa extração de madeira seja totalmente ilegal. A gente não tem como afirmar isso na pesquisa. Há uma parte da retirada de matas que tem licença para ser retirada. Então pode ter ocorrido um aumento dessas licenças”, considera Guedes.