O que chega primeiro é o sorriso do motorista

Andrea adora a flexibilidade que o trabalho como motorista proporciona e sentiu-se muito orgulhosa de sua profissão, especialmente nos períodos mais críticos da pandemia. FOTO: ARQUIVO PESSOAL

03/10/2022 - Tempo de leitura: 3 minutos, 37 segundos

“Quem não gosta de se relacionar com as pessoas não deveria ser motorista de aplicativo.” Esse é o lema de Andrea da Silva Costa, 48 anos, e há seis nessa profissão. Sempre disposta a auxiliar o próximo, ela costuma dizer que, quando vai buscar um passageiro, é o sorriso do motorista que chega primeiro.

“A educação e a gentileza contam muito. Gosto quando me sinto útil, quando ajudo quem está de andador a embarcar, por exemplo. As pessoas acabam se surpreendendo porque não é todo mundo que coloca sua humanidade para funcionar’”, observa.

Muito atuante durante toda a pandemia da covid-19, Andrea relembra que foi na fase mais crítica da crise sanitária que entendeu como sua profissão é importante. “Apesar de saber dos riscos que corria, me senti fortalecida nesse período. Enfrentei e nunca recusei uma corrida para hospitais”, explica. “Me protegia bastante e ia cumprir meu dever, acreditando que as pessoas estavam precisando muito de mim. Foi nesse momento, também, que mais senti orgulho de ser motorista.”

Trabalhar, mas de uma nova maneira — O início de carreira de Andrea é bem parecido com o de muitos motoristas. Ela trabalhava há anos em uma empresa, inclusive aos sábados e, muitas vezes, até aos domingos. “Estava cansada, queria um tempo. Saí e fiquei em casa e, em dois meses, me estressei porque não aguentei não ser útil. Entendi que precisava trabalhar, mas de outro jeito”, recorda.

A dica veio de seu filho, na época com 18 anos. “Mãe, você tem carro, dirige bem e ainda gosta de conversar. Por que você não vai trabalhar como motorista de aplicativo’?”, lembra.

Então, Andrea foi e comemora a decisão. Comunicativa como sempre, logo fez amizade com outros profissionais, aprendeu muitos macetes, dicas de segurança e se adaptou rapidamente. “No meu primeiro dia, parei para conversar com um motorista experiente. Fui muito abençoada no meu início, me colocaram em um grupo de WhatsApp, me ajudaram muito, principalmente com conselhos sobre áreas de risco e orientações para rodar com tranquilidade de maneira geral”, explica.

Agenda versátil — A flexibilidade de poder escolher os horários de trabalho conforme seus compromissos diários é um dos aspectos que ela mais valoriza. “Não tem preço estar na minha casa na hora que decido chegar. Trabalhamos muito, mas esse é um dos benefícios e algo que sempre me fez gostar cada vez mais dessa profissão”, relata.

Moradora do município de Mogi das Cruzes (SP), ela costuma dar preferência por rodar dentro da própria cidade. “Mas, às vezes, aparece uma viagem para São Paulo e é importante pegar. Até estranho porque é mais barulhenta e tem mais congestionamento”, comenta.

Sua rotina de trabalho começa cedo, às 5h, e se estende até pouco antes do almoço. Andrea faz uma pausa até às 17h para cuidar de diversas coisas, resolver compromissos pessoais e retoma a direção até depois das 23h. “Ultimamente, tenho trabalhado um pouco menos, mas, de maneira geral, essa é minha rotina.”

Sempre de olho nas campanhas — A estratégia de Andrea para obter melhores ganhos inclui trabalhar com foco nas campanhas feitas pela 99. De acordo com Andrea, são as que rendem os maiores benefícios. “É importante se planejar, especialmente porque somos avisados sobre as campanhas do dia seguinte. Então, coloco uma meta e início meu dia perseguindo esse objetivo.”

Como motorista cinco estrelas, Andrea enumera, na ponta da língua, o que é preciso para alcançar essa posição dentro da plataforma. “Muitos profissionais acreditam que o mais importante é a limpeza do carro, mas discordo. O principal é a educação, especialmente para as passageiras mulheres, que precisam se sentir seguras. E tem outra coisa que considero muito importante e ninguém fala, mas acredito que todos, sem exceção, têm que ter educação, incluindo os passageiros”, reforça.

Em segundo lugar, de acordo com ela, está a forma de conduzir. “Somos avaliados pela forma que dirigimos, então é fundamental observar normas de trânsito, não dar freadas bruscas, nem ultrapassar os limites de velocidade”, afirma. E, por fim, na visão de Andrea, está a limpeza, interna e externa, do carro, o que também precisa ser uma regra diária, incorporada naturalmente como parte da rotina.