Reflexos da inflação na vida dos mais pobres


22/11/2021 - Tempo de leitura: 2 minutos, 14 segundos

As classes C e D são atingidas em cheio quando cesta básica e insumos basilares ficam mais caros – o gás de cozinha subiu 23,79% em 2021. “Arroz, óleo e carne tiveram aumento significativo que dificulta a vida da população mais vulnerável, como a de Alagoas, por exemplo, onde quase metade dos moradores são pobres ou extremamente pobres”, diz o economista Lucas Sorgato, mestre em Economia Aplicada pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal).

Elementos importantes da cadeia de produção, a exemplo de gasolina e energia elétrica, interferem na inflação, nos custos da indústria produtiva e deixam os produtos mais caros. Para ter uma ideia, a gasolina aumentou 51% e passou dos R$ 7 em alguns estados, como Acre, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Tocantins. Isso afeta o frete, que afeta a entrega e o preço das coisas. Segundo Sorgato, não há perspectiva de melhora nos próximos 12 ou 24 meses, porque o mundo inteiro está importando muita comida do Brasil, principalmente a China – quando o dólar está mais valorizado do que o real o produtor prefere exportar.

Para Marcio Sales Saraiva, sociólogo e doutorando em Psicossociologia na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o governo federal poderia investir em estoques nacionais de alimentos e na produção agrícola familiar que sustenta a maior parte do mercado interno. Ele explica que nossa subordinação aos preços internacionais faz com que o arroz vendido no Brasil aumente sempre quando o produto aumenta lá fora.

“Pagamos preços de ‘gringos’ nos mercados nacionais. A alta do dólar só amplia e agrava o problema. Não por acaso, a fila de compra de ossos, pé de galinha, pelancas, arroz picotado e etc. aumenta, algo que deveria impactar a atual gestão e fazê-la mudar a política de preços dos alimentos nacionais”, afirma o sociólogo. E conclui: “A lógica do capitalismo que privilegia a ‘liberdade do mercado’ em vez  de garantir primeiro a alimentação do povo brasileiro é uma questão política e também uma escolha governamental.”

ESTÃO MAIS CAROS
Cesta básica
Combustível
Energia elétrica
Botijão de gás

MAIS HORAS DE TRABALHO PARA COMPRAR O MÍNIMO
O brasileiro está trabalhando mais para comprar os produtos da cesta básica. Em julho de 2020, considerando uma jornada de 8 horas por dia, o trabalhador levava 12 dias para comprar a cesta. Em julho de 2020, esse tempo subiu: são 14 dias

Fontes de dados: Agência Nacional de Petróleeo (ANP); Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).