Usar máscara em lugar fechado não é obrigatório, mas pode salvar vidas

Diante da alta de casos de covid-19, o Comitê Científico, grupo que assessora o governo de São Paulo nas ações adotadas durante a pandemia, voltou a recomendar o uso de máscaras de proteção em lugares fechados. Foto ilustrativa: Getty Images

07/06/2022 - Tempo de leitura: 3 minutos, 35 segundos

Diante da alta de casos de covid-19, o Comitê Científico, grupo que assessora o governo de São Paulo nas ações adotadas durante a pandemia, voltou a recomendar o uso de máscaras de proteção em lugares fechados. O anúncio foi feito no dia 31 de maio. A orientação, porém, não altera a legislação vigente, que prevê o uso obrigatório apenas em ambientes hospitalares e no transporte coletivo.

Ninguém está proibido de se proteger. Elevador, carro de aplicativo, shopping center, salão de beleza, salas de cinema, escritórios, auditórios, salas de reunião e outros locais fechados são espaços com alto potencial de espalhamento. A recomendação é usar para cuidar de si e dos outros.

“A Secretaria de Ciência, Pesquisa e Desenvolvimento em Saúde através do Comitê Científico do Estado de São Paulo recomendou o retorno do uso de máscaras em estabelecimentos fechados sem caráter obrigatório, não modificando a legislação vigente em São Paulo da utilização apenas em ambientes hospitalares e no transporte coletivo”, informou, em nota, o governo estadual.

  • o Estadão apurou que, em maio, a capital paulista teve aumento de 251,8% no total de internados na rede municipal com o coronavírus em leitos de enfermaria e de UTI
  • entre 30 de abril e 30 de maio, o total saltou de 56 para 197
  • no mesmo período, segundo a Fundação Seade, a média móvel de novas internações por covid ou suspeita da doença no Estado teve alta de 118,7%, saltando de 171, em 30 abril, para 374, em 30 de maio

Referência no combate à pandemia no Estado, o Instituto de Infectologia Emílio Ribas atendeu cinco pacientes com diagnóstico positivo para covid na última semana de abril, entre os dias 24 e 30. Cerca de um mês depois, entre os dias 22 a 28 de maio, o número de hospitalizados com a doença saltou para 19 — alta de 280%. Segundo o médico, grande parte dos casos são da BA.2, subvariante da Ômicron.

Suleiman explica que a interrupção na tendência de queda começou a ser observada no hospital há cerca de quatro semanas atrás e diz ainda não ser possível ver um platô, quando há estabilização das curvas. Como causas do cenário atual, ele aponta principalmente o encerramento de medidas não farmacológicas.

O que fez a retomada dos casos foi abolir completamente as estratégias de proteção, como a não exigência de máscara (Jamal Suleiman, médico no Instituto de Infectologia Emílio Ribas)

Cidades e escolas — O Estadão mostrou na última semana de maio que muitas prefeituras estão voltando a recomendar o uso de máscara. Municípios como Curitiba, no Paraná, São Bernardo do Campo, Santo André e São Caetano do Sul, em São Paulo, além de Betim e Guaxupé, em Minas Gerais, adotaram medidas nesse sentido nos últimos dias.

Na capital paulista, assim como no Estado de São Paulo, a não obrigatoriedade do uso continua na maior parte dos ambientes fechados, mas colégios particulares têm recomendado novamente a utilização da proteção.

Vacinar os atrasados — Dois dias depois do anúncio do Comitê, em entrevista à Rádio Eldorado, o secretário de saúde do Estado de São Paulo, Jean Gorinchteyn, reforçou o pedido para que as pessoas completem os esquemas vacinais que estiverem atrasados, porque o Estado vive um cenário de alta de casos e internações, ainda que o patamar atual seja bem menor do que o na época do pico da Ômicron.

Gorinchteyn disse que apesar da alta de casos da covid-19 e da chegada de temperaturas mais baixas — o que favorece a circulação de vírus respiratórios pelas pessoas se aglomeram mais em ambientes fechados e não arejados — o governo não pretende, por enquanto, retomar a obrigatoriedade. O secretário acha que a recomendação é suficiente.

Segundo Gorinchteyn, o que poderia orientar possíveis ações mais restritivas por parte do governo do Estado seria um percentual de internações acima de 70%. Atualmente, São Paulo está com 32% dos infectados internados, segundo o secretário.