Quem nunca ouviu falar que os calendários esportivos brasileiros são os piores do mundo? Pois é, se a analogia nos remete ao futebol, saiba que os problemas com datas acontecem no automobilismo, também.
Porém, no esporte motorizado, os problemas não são superposições de campeonatos ou alinhamento com os calendários europeus. O esporte motorizado brasileiro padece de um outro sintoma crônico: a falta de autódromos em condições de realizar os eventos. Foram-se os tempos em que o box de uma equipe abrigava um carro, dois ou três mecânicos e algumas caixas de ferramentas.
Hoje em dia, um box da Stock Car Pro Series mais parece um centro cirúrgico, com dezenas de mecânicos, técnicos, engenheiros e, além deles, equipamentos que não passavam de sonho nos tempos românticos do automobilismo, como balanças de precisão e piso plano para alinhamento a laser dos chassis.
Se o esporte evoluiu, foi graças aos patrocinadores, que também reivindicaram seus espaços e se acomodam no que se convencionou chamar de “cinema”. Sim, fileiras de poltronas instaladas dentro do box, das quais, convidados selecionados observam o trabalho da equipe, sem atrapalhar o frenético movimento dos integrantes dos times.
A Vicar, maior promotora de automobilismo do Brasil e responsável pela Stock Car, anunciou que a temporada 2022 começará mais cedo que o habitual. A Stock Car Pro Series abrirá seu 44º campeonato de sua história em Interlagos (SP), no dia 13 de fevereiro, com uma prova especial: a Corrida de Duplas, na qual os pilotos oficiais convidam craques de equipes internacionais para tentar a vitória.
Em 20 de março, a categoria marcará sua 70ª largada da história da Stock Car Pro Series, no tradicional traçado de Goiânia. A Fórmula 4 Brasil, certificada pela FIA – Federação Internacional do Automóvel – e nova integrante dos eventos da Vicar, disputará suas primeiras provas em solo nacional, no Autódromo Velocitta, em Mogi Guaçu (SP), nos dias 14 e 15 de maio.
Bastou o calendário ser divulgado para que uma avalanche de reclamações invadisse as redes sociais. Circuitos gaúchos tradicionais, como Tarumã, na Grande Porto Alegre, onde nasceu a Stock Car, em 1979, e Santa Cruz do Sul, ficaram de fora, assim como o de Cascavel, no oeste do Paraná.
Em 43 anos de história, a Stock Car já correu em 17 circuitos, sendo 2 fora do Brasil, Estoril (POR) e Buenos Aires (ARG). Imagine só: um calendário com 15 autódromos diferentes, durante o ano, seria o sonho de qualquer promotor. Porém, a falta de manutenção e, principalmente, de atualização e adequação acabou deixando praças tradicionais de fora. Para ter uma ideia, a Fórmula 4 só pode correr em circuitos com homologação Classe 3, da FIA, e, no Brasil, apenas cinco praças se enquadram, Brasília, Curitiba, Goiânia, Interlagos e Velocitta, sendo que Curitiba está em processo de demolição, limitando a apenas quatro os autódromos aptos a isso.
“Felizmente, o automobilismo brasileiro voltou a crescer, atraindo cada vez mais profissionais e empresas que precisam contar com estrutura e instalações apropriadas para manter esse crescimento. No momento, existem tradicionais e importantes autódromos, não apenas para a Stock Car, mas também para o restante do esporte a motor, que precisam passar por adequações e receber incentivos que possibilitem a realização de grandes eventos. Em vista disso, e sem particularizar nenhum dos casos, lamentamos não poder correr onde gostaríamos. Mas permanecemos confiantes de que essas alterações serão executadas no tempo em que cada circuito tiver oportunidade. Nossa meta é, e sempre será, competir em todo o Brasil”, explicou Fernando Julianelli, CEO da Vicar.
Se algumas pistas ficarão de fora, neste ano, teremos retornos históricos para o automobilismo brasileiro: Rio de Janeiro e Brasília. Dois dos principais polos do esporte a motor e capitais de grande importância para o mercado publicitário.
ETAPA – DATA – LOCAL – OBSERVAÇÃO
1a – 13/2 – Interlagos – Corrida de Duplas
2a – 20/3 – Goiânia – 70ª largada da história nessa pista
3a – 10/4 – Rio de Janeiro – GP do Galeão
4a – 15/5 – Velocitta (Mogi Guaçu, SP)
5a e 6a – 3/7 – Brasília – 40ª largada da história nessa pista
7a – 31/7 – Interlagos
8a – 4/9 – Rio Grande do Sul – Local a ser definido*
9a – 25/9 – Velocitta (Mogi Guaçu, SP)
10a e 11a – 23/10 – Goiânia
12a – 20/11 – Brasília – Super Final BRB
* Caso atendam às demandas de reformas.