O painel Mobilidade Elétrica, Clima, Energia e Economia: Oportunidades para o Brasil e Como Aproveitá-las trouxe a necessidade de o ecossistema engajar um número cada vez maior de pessoas para a causa climática. Com moderação de Marcus Regis, coordenador da Plataforma Nacional de Mobilidade Elétrica (PNME), a conversa contou com a participação de Camila Gramkow, oficial de Assuntos no Escritório Cepal, das Nações Unidas no Brasil, e Walter Figueiredo de Simoni, diretor de articulação, política e diálogo do Instituto Internacional de Políticas Públicas (Talanoa).
“O apelo da urgência climática, os benefícios sócio-ambientais da eletrificação do transporte público e, até mesmo, as vantagens econômicas dessa transformação são aspectos que precisam ser compreendidos por todos, não apenas por especialistas. As narrativas feitas até hoje precisam ser reescritas para que possam ser entendidas e apoiadas”, disse Camila. Para o executivo do Talanoa, todo esse trabalho necessita ser feito imediatamente. “O clima está no cerne dessa questão, porque é de maior urgência. E temos uma janela de cerca de dez anos para enfrentar esse desafio”, afirmou De Simoni.
Geração de emprego e importância da capacitação de profissionais também foram destacadas pelos especialistas. Camila revelou um dado importante: “Para cada emprego direto gerado no setor de ônibus elétricos, mais 21 seriam abertos na economia. Esse é o poder multiplicador dos investimentos sustentáveis para essa transformação”.
A executiva traçou, ainda, um cenário futuro, em que todo o Brasil – transporte público e particular e até mesmo o abastecimento de energia nas residências – vivencie a eletrificação de forma cotidiana. “Isso quer dizer que novos empregos aparecerão com a eletrificação, mas só poderão ser aproveitados por aqueles que perderem seus postos se houver um programa massivo de formação e capacitação para essas pessoas. Isso é fundamental e precisa ser resultado de uma política pública estruturada”, afirmou.
O exemplo do etanol, quando, no passado, a falta de articulação entre políticas públicas nacionais acabou eliminando um movimento de valorização do biocombustível, foi destacado por De Simoni. “Temos que ter conversas difíceis nesse sentido; precisamos, sim, falar com o setor de petróleo e gás e outros. Dizemos que todo mundo sai ganhando com a eletrificação; porém, não é bem assim – alguns grupos têm muito poder econômico. O desafio é grande, mas só avançaremos quando pensarmos, juntos, em uma visão de futuro para o Brasil”, finalizou De Simoni. (D.S.)