Corrida histórica da Stock Car

Foto: Bruno Terena
Alan Magalhães
22/09/2021 - Tempo de leitura: 3 minutos, 11 segundos

A capital de Goiás é uma cidade que tem muito em comum com a história da Stock Car Pro Series e o personagem central dela é o Autódromo Internacional Ayrton Senna, um dos melhores traçados do mundo, exaltado até pelo Mundial de MotoGP, que lá disputou três etapas – em 1987, 88 e 89. Com 3,8 quilômetros de extensão, seu traçado misto é um dos preferidos dos pilotos, pois, além de apresentar curvas de todos os tipos, conta com áreas de escape generosas, que aumentam muito a segurança dos competidores.

Não por acaso, dois campeões da Stock Car são goianos, Alencar Jr., que triunfou em 1982, e Marcos Gracia, campeão em 1986. Porém, esse verdadeiro oásis no árido Centro-Oeste brasileiro esteve em vias de sumir. Com a velha história de destruir um autódromo e construir um novo em outro lugar – lorota igual à que riscou do mapa outra pista icônica, Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, que jamais viu seu sucessor sair do plano das promessas –, em 2011, o efeito foi o oposto da pista carioca, uma revitalização que veio por meio de uma ampla reforma que adequou o complexo aos dias atuais. Dessa vez, a especulação imobiliária não prosperou. E, se o nível é alto, a Stock Car está por perto.

Formato inédito

Se a Stock Car inovou ao disputar duas provas sem interrupção e com formação do grid em movimento, outra tacada de mestre foi a disputa de duas etapas no sábado e duas no domingo, só que em traçados diferentes. Sim, apenas Curitiba, além de Goiânia, propicia esta possibilidade: provas em circuito misto e externo. Só que, em Goiânia, elas aconteceram no mesmo final de semana, fato inédito.

Os pilotos partiram para duas etapas no sábado, no traçado misto de 3,8 quilômetros, e duas no domingo, pelo anel externo, de 2,6 quilômetros – este último com médias de velocidade que superaram os 190 km/h. E a aposta não poderia ter sido melhor, pois teve de tudo em Goiânia: recordes, chegada espetacular, festa e novo líder do campeonato.

Dois nomes se destacaram no final de semana: Ricardo Maurício, primeiro a vencer as duas provas de uma etapa desde a estreia deste formato, em 2014, e Gabriel Casagrande, piloto da nova geração que assumiu a ponta da tabela pela primeira vez em sua carreira na categoria.

Vale destacar, também, Thiago Camilo e seu Toyota Corolla, que perdeu a vitória para Maurício por apenas 0s010 (10 milésimos de segundo), o equivalente a apenas 50 centímetros de pista (isso depois de terem competido durante 75 quilômetros de prova). Foi a chegada mais apertada da história da Stock Car. Para ter uma ideia, um piscar de olhos demora 10 vezes mais que isso.

Ricardo Maurício cravou outro recorde: é o único piloto da temporada com 100% de aproveitamento. Com seu Chevrolet Cruze, o atual campeão cravou a pole (conquistando 2 pontos), venceu a Corrida 01 (30 pontos) e também a prova complementar (24), totalizando 56 pontos. Até então, o maior pontuador era Rubens Barrichello, com 92% (52 pontos), na quarta etapa deste ano.

A prova que fechou o final de semana foi especialmente festiva para a Stock Car: ela marcou a corrida número 500 da Chevrolet, marca fundadora da Stock Car que permanece como a maior vencedora da principal categoria no Brasil. Os resultados do fim de semana recolocaram Ricardo Maurício na briga direta pelo título. Com uma vitória na etapa de sábado e as duas deste último domingo (cada etapa tem duas largadas), ele subiu do décimo para o quarto lugar, passando a somar 231 pontos. Daniel Serra é o vice, com 262 pontos, 16 atrás de Casagrande. Rubens Barrichello é o terceiro colocado, com 234.