Equilibrar as contas de casa não é nada fácil: os custos sobem constantemente e o salário precisa ser esticado para chegar até o fim do mês. E, se aparecer algum imprevisto, está feito o estrago nas finanças domésticas.
Em 2020, o brasileiro perdeu poder de compra: durante o ano, enquanto os preços subiram 5,2%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). O reajuste do salário foi de apenas 4,3% conforme o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Resultado: só no ano passado, o dinheiro do trabalhador ficou 17% menor
Mas, calma, nem tudo está perdido. Ary Felipe, mentor em finanças e parceiro da 99, garante ser possível pagar as contas — e, ainda, fazer uma reserva para aquelas situações inesperadas que afligem a maioria: um problema no carro, um defeito na geladeira ou uma dor de dente, por exemplo.
Para ele, é preciso mudar a mentalidade em relação ao dinheiro. “Os brasileiros, em geral, pensam só a curto prazo. Isto é, ganham o dinheiro e gastam tudo no fim de semana”, avalia. “E pior. Se o dinheiro acaba, pegam emprestado, fazem dívida, comprometendo o presente e o futuro.”
De acordo com o último Mapa da Inadimplência, divulgado pelo Serasa em maio, o Brasil tem cerca de 62,5 milhões de consumidores inadimplentes. A quantia média de cada dívida atingiu R$ 1.162,43, superando o salário mínimo.
Ary dá algumas dicas importantes de como alcançar a estabilidade financeira. Primeiro, se livrar das dívidas e, de jeito nenhum, contrair outras. “Só se for por uma emergência médica, mas não para trocar de carro”, aconselha.
Quando todas as dívidas estiverem zeradas, tentar guardar pelo menos 10% dos ganhos mensais. E, se possível, fazer uma poupança de no mínimo três salários. Para ele, vencidos esses dois desafios iniciais, já é possível começar a se planejar para realizar os sonhos.
A pandemia colocou em apuros Divaldo da Silva, corretor de imóveis. Com esse setor em queda, o dinheiro parou de entrar, mas ele traçou um plano: vendeu seu carro seminovo, retirou parte das economias do banco para comprar três carros compactos, usados e mais antigos, para rodar por aplicativo — um para ele e dois para alugar. “Minhas contas estão em dia, estou no azul”, comemora Divaldo.
“Muita gente ainda acredita que dinheiro traz muitos problemas. Mas, na verdade, ele oferece mais soluções”, ensina Ary. “Agora, se vai trazer problema ou solução, só depende de como as pessoas lidam com ele.”
O Mapa do Serasa mostra que o maior volume de dívidas está na categoria bancos/cartão, representando 29,7% dos mais de R$ 211 milhões de débitos. Em seguida, estão as contas de luz, água e gás, com 22,3%