“Win on sunday, sell on monday.” Esta é uma das mais célebres frases cunhadas no mundo automotivo, nascida nos corredores das montadoras instaladas em Detroit, Estados Unidos, quando a cidade ostentava, orgulhosa, o título de “motor city”. Em tradução livre, ela significa: “Vença no domingo e venda na segunda”, em alusão ao efeito que uma vitória nas pistas provocaria sobre as vendas do modelo ou da marca vencedora. Foi, sem dúvida, um mantra que mudou a indústria automotiva.
Se, por um lado, a decadente Detroit não tem mais as fábricas, o charme de outrora e, muito menos, a primazia de ser a capital mundial do automóvel, por outro, o automobilismo segue encantando milhões de pessoas, que reconhecem nele o campo perfeito para avaliar velocidade, confiabilidade e qualidade de um carro, além de ser um laboratório, no mundo real, em que os componentes são testados em condições críticas.
Em tempos de profusão de SUVs e crossovers, que dominam as vendas de automóveis, questiona-se a verdadeira relevância de vermos sedãs médios nas pistas e poucos carros desse tipo nos salões de venda das concessionárias. Jim Campbell, vice-presidente da Chevrolet norte-americana, fez a leitura correta: “Quando você vence uma corrida, automaticamente as pessoas pensam na marca Chevrolet como garantia de sua engenharia. E isso reflete na decisão de compra, mesmo que seja por outro modelo da marca”.
Ao todo, cinco montadoras já estiveram presentes na Stock Car: Chevrolet (43 temporadas), com o pioneiro Opala, que precedeu o Omega, Vectra, Astra, Sonic e Cruze; Mitsubishi (de 2005 a 2008), com o modelo Lancer; Volkswagen (2006 e 2007), com o Bora; Peugeot (de 2007 a 2016), com o 307 e, posteriormente, o 408; e Toyota (de 2020 até hoje), com o Corolla.
Desde 2020, Chevrolet e Toyota se enfrentam na Stock Car Pro Series, com seus modelos Cruze e Corolla, respectivamente. E que disputa! Depois de sete etapas e 14 provas na atual temporada, o placar está empatado: 7 x 7.
É um equilíbrio incrível, em uma categoria decidida em milésimos de segundo o tempo todo. O maior vencedor pela marca norte-americana é o atual campeão, Gabriel Casagrande, com duas vitórias, nos circuitos de Interlagos, em São Paulo (SP), na primeira etapa, e no Velopark, em Nova Santa Rita, na região metropolitana de Porto Alegre (RS). Além dele, Galid Osman, Daniel Serra, Ricardo Maurício, Gaetano Di Mauro e Felipe Fraga venceram com o Cruze sedã. Já pela Toyota, quatro das sete vitórias foram conquistadas por apenas dois pilotos: o argentino Matías Rossi, com triunfos no Velocitta, em Mogi Guaçu (SP), e Interlagos (7ª etapa), e Rubens Barrichello, vencedor das duas provas, na segunda etapa, em Goiânia (GO). Além deles, Ricardo Zonta, Nelson Piquet Jr. e Bruno Baptista venceram com o Corolla.
O regulamento da Stock Car determina que os monoblocos originais dos carros de rua, nos quais são baseados, sejam utilizados como parte estrutural do chassi tubular, que serve de proteção à célula de sobrevivência, que embarca o piloto. Em categorias mais brandas, acopla-se um santantônio tubular ao monobloco original do carro. No caso da Stock Car, essa fusão de partes do monobloco com a gaiola, que passa a ser uma peça só, garante mais segurança e rigidez torcional, necessárias em um carro com mais de 500 cv. “O Novo Cruze Stock Car foi desenvolvido dentro de um conceito inovador, que permitiu uma identidade visual semelhante ao do veículo que o consumidor Chevrolet pode dirigir na rua – porém, com aquela dose de performance já consagrada pelo modelo de competição”, explica Jorge Maiquez, responsável pela área de marketing experience da GM América do Sul.
O próximo tira-teima entre Chevrolet e Toyota acontecerá, novamente, no circuito Velocitta, no dia 4 de setembro, e terá transmissão, ao vivo, no site do Estadão.
Além do campeonato de pilotos, disputa-se também o Ranking de Marcas, que soma todas as pontuações dos pilotos obtidas com as marcas que representam. Depois de 14 corridas disputadas, apesar do empate no número de vitórias, a Toyota leva ligeira vantagem sobre a Chevrolet, somando 607 pontos, contra 582 da marca norte-americana.
Por meio de sua divisão de competições, a Toyota Gazoo Racing, a marca japonesa anunciou, em 2020, o início da expansão da Gazoo Racing na região da América Latina. Como parte do acordo com a Stock Car, a Toyota Gazzo Racing Brasil também apoiará o desenvolvimento de jovens pilotos por meio do programa Young Drivers Academy GR.