O período da pandemia de covid-19 alavancou o e-commerce no Brasil. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, as vendas online movimentaram R$ 450 bilhões de 2019 a 2022, contra R$ 178 bilhões arrecadados entre os anos de 2016 e 2019.
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Tamanho faturamento desencadeou uma série de iniciativas das empresas de entrega para dar conta da demanda, como reforçar a frota usada no transporte dos produtos. Não é à toa que a circulação das vans amarelas do Mercado Livre passou a fazer parte do cenário das ruas do País.
Uma das decisões do Mercado Livre, empresa líder de e-commerce na América Latina, tem sido aumentar a frota elétrica em suas atividades logísticas. Hoje, ela trabalha com 2.800 veículos movidos a bateria na região, um crescimento de 20% comparado a 2023.
No Brasil, esse número é de 1.346 veículos, o que representa evolução de 30% em relação ao ano passado. “Desde 2020 estamos dando mais ênfase na utilização de carros elétricos para reduzir a emissão de dióxido de carbono (CO2) e melhorar o impacto ambiental das nossas operações, especialmente nas etapas de primeira e última milhas”, diz Frederico Rezeck, diretor sênior de transportes do Mercado Livre no Brasil.
“Os veículos elétricos destinados à companhia emitem entre 50% e 85% menos CO2 em comparação aos veículos convencionais”, completa o executivo.
Fundado em 1999 e presente em 18 países, o Mercado Livre chegou a US$ 14,5 bilhões de receita líquida em 2023, quando também atingiu US$ 44,8 bilhões das vendas de 1,4 bilhão de produtos. No Brasil, seu principal mercado, a empresa tem 22 mil colaboradores.
Segundo Rezeck, a companhia reúne 54 milhões de compradores ativos, responsáveis por 371 transações por segundo. Por aqui, os veículos sustentáveis já fizeram 16 milhões de entregas. Quatro anos atrás, lembra ele, o Mercado Livre realizava as entregas com apenas 10 veículos elétricos.
“Estávamos em fase de aprendizagem com essa novidade e nos deparamos com desafios, como a infraestrutura de recarga”, afirma. Entretanto, vale ressaltar que a frota não pertence ao Mercado Livre. Os carros são de transportadoras parceiras, que compram os modelos e os colocam à disposição da empresa de e-commerce.
Até o momento, a frota elétrica do Mercado Livre efetuou 36 milhões de entregas na América Latina, sendo que 44% desse volume aconteceram no Brasil. A companhia se vale de veículos elétricos das marcas Renault, Stellantis, Volkswagen, JAC, Arrow Mobility, BYD e Ford.
Além disso, a frota sustentável também é composta por 220 caminhões movidos a gás natural veicular (GNV) e biometano. “É importante adotar a estratégia de pulverizar os veículos entre as montadoras. É mais vantajoso em operações de distribuição urbana, porque trabalhamos com mais garantia e segurança nas questões de autonomia e infraestrutura”, revela Rezeck.
O investimento do Mercado Livre em veículos menos poluentes está dentro do aporte de US$ 400 milhões para o ciclo 2021-2024, direcionados a uma série de projetos de sustentabilidade na América Latina.
“O crescimento do ecossistema de negócios, principalmente do marketplace, nos obriga a ser mais incisivos na redução do impacto ambiental em toda a cadeia de valor”, destaca o executivo. “Em 2024, já conseguimos baixar 20% a pegada de carbono nos deslocamentos de última milha.”
Dessa forma, isso explica a importância dos veículos elétricos na jornada diária do Mercado Livre que, ao mesmo tempo, busca outras soluções logísticas de baixo carbono. Uma delas é a parceria com a Newlab, plataforma de inovações e projetos dos Estados Unidos.
“Em primeiro lugar, a Newlab entendeu as nossas necessidades para expandir o transporte sustentável da última milha. Em seguida, o acordo resultou no lançamento do Low-Carbon Logistics Studio, medida para o desenvolvimento e a implementação de novas ideias de mobilidade sustentável”, explica o diretor de transportes.
Com a participação de 120 startups, uma série de ações estão em andamento no Brasil, México e Uruguai, com foco em tecnologias emergentes de micromobilidade, hibridização, otimização da infraestrutura de recarga e logística com modais alternativos.
Porém, há mais projetos em vista. O Mercado Livre acredita que as energias solar e eólica também são alternativas totalmente viáveis para a eletromobilidade nacional. “O Brasil é altamente privilegiado em energias renováveis e essas duas fontes sustentáveis podem acelerar de vez a transição energética do País”, completa.
Se depender de estudos de novas fontes renováveis, a transição energética veicular está no caminho certo no Brasil. Essa foi a conclusão da Intersolar South America, maior evento brasileiro de energias sustentáveis, realizado na capital paulista em agosto.
O encontro revelou que a energia solar fotovoltaica é a que mais cresce no mundo. No ano passado, 93,1% da eletricidade gerada no Brasil veio de fontes renováveis e a solar representou 37,8 GW produzidos (16,5%).
Assim, desse volume, 26,3 GW (70%) são de geração solar distribuída, em que a energia é produzida pelos próprios consumidores, enquanto 11,5 GW (30%) de geração centralizada, proveniente de grandes usinas fotovoltaicas.
Dessa forma, segundo dados da Greener, consultoria especializada em energias verdes, o setor tem potencial para atrair investimentos superiores a R$ 60 bilhões.
Entretanto, o hidrogênio verde também esteve no centro das discussões da Intersolar. De acordo com o Plano Decenal de Expansão de Energia, elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao Ministério de Minas e Energia, o Brasil apresenta potencial técnico para produzir 1,8 gigatonelada de hidrogênio por ano.
Para estimular esse desenvolvimento, R$ 200 bilhões em projetos foram anunciados pelo ministério dentro do Programa Nacional do Hidrogênio (PNH2), do governo federal.
Sancionado em 2 de agosto, o marco legal do hidrogênio de baixo carbono regulamenta a produção do HV e dá incentivos tributários na compra ou importação de máquinas, equipamentos novos e de materiais de construção.
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