Se, por um lado, o governo federal está atrasado em definir uma estratégia nacional sobre eletrificação; por outro, estados, municípios e organizações civis já vêm se movimentando no sentido de discutir um caminho assertivo para a eletromobilidade.
Uma das principais organizações em prol da mobilidade sem emissão de poluentes, a Plataforma Nacional de Mobilidade Elétrica (PNME), lançou, este mês, o 2° Anuário Brasileiro de Mobilidade Elétrica, que traz uma visão abrangente e multissetorial dos cenários nacional e internacional.
A redação ficou a cargo de sete especialistas, que trazem o resultado de suas pesquisas e/ou entrevistas com governos e profissionais da área.
Confira, a seguir, alguns destaques dos seis capítulos da publicação.
Elaborado por Tatiana Bermúdez Rodríguez, doutora em política científica e tecnológica, o primeiro capítulo aborda como alguns países latino-americanos, como Colômbia, Costa Rica e Chile, têm trabalhado a mobilidade elétrica de forma bem-sucedida.
O texto destaca alguns aspectos importantes, como:
• Em suma, é fundamental estabelecer uma estratégia ou lei nacional para o estímulo à mobilidade elétrica com visões e metas de curto, médio e longo prazos.
• Com o mercado latino-americano em franco processo de crescimento e a chegada de montadoras chinesas na região, é essencial estimular a fabricação nacional de ônibus elétricos e de baixa emissão.
A dupla Edgar Barassa e Robson Cruz, da Barassa & Cruz Consulting, traz as novidades que contribuem para a expansão da mobilidade elétrica no País. Para eles:
• A agenda ESG está em alta. A reboque veio o interesse das instituições financeiras, que dão grande relevância a como as empresas tratam a sustentabilidade. Simultaneamente, o interesse das empresas em frotas elétricas – uma alternativa para a redução de emissões. Com essa demanda, as locadoras estão reconfigurando seus portfólios com modelos eletrificados.
Mestre em direito e economia, André Fortes Chaves ficou encarregado de trazer a visão dos players que oferecem produtos, serviços e soluções para a mobilidade elétrica. Confira um rápido resumo do texto.
• A instalação de eletropostos tem grande potencial, uma vez que o Brasil possui vasta disponibilidade de espaços privados (garagens). Isso já pode ser visto na estratégia de expansão que empresas do setor têm adotado.
• Empresas tradicionais do setor de combustíveis estão investindo de forma consistente em redes de infraestrutura de recarga.
Redigido por Carolina Navarro, mestre e doutoranda em política científica e tecnológica, o texto traz a perspectiva dos consumidores.
• A infraestrutura de recarga não está acompanhando a evolução de crescimento do mercado.
• Antes de mais nada, o argumento de que os veículos elétricos não são utilizados para longas distâncias foi desconstruído. Veículos elétricos estão sendo usados em longas jornadas para economia de recursos, já que o reabastecimento com combustíveis fósseis é mais caro.
O texto de autoria da professora Flávia Consoni, do Departamento de Política Científica e Tecnológica, do Instituto de Geociências, da Unicamp, aborda como o Poder Público e as associações enxergam a mobilidade elétrica no Brasil.
• O governo brasileiro, contudo, ao não sinalizar de forma mais incisiva para o ritmo da transição para a descarbonização e deixar que o mercado faça suas escolhas, reforça dúvidas dos atores não governamentais.
• Em síntese, a transição energética implica em um processo de longo prazo e que requer esforços contínuos e estruturados. Será necessário coerência entre as políticas já existentes e as que ainda serão criadas.
Tarik Marques do Prado Tanure, pesquisador do Núcleo de Estudos em Modelagem Econômica e Ambiental Aplicada (Nemea) conclui, enfim, o documento trazendo as projeções de crescimento do mercado de mobilidade elétrica no Brasil.
• As menores taxas de crescimento projetadas foram verificadas nos segmentos de veículos de passeio leves híbridos (HEV), ônibus elétricos (cenário conservador e moderado) e na modalidade de ciclomotor CityCoco, tipo chopper e pneus rechonchudos.
• Já as maiores taxas ficaram para veículos comerciais elétricos e scooters elétricas, em todos os cenários, e para ônibus elétricos, no cenário agressivo.
Para ler o documento na íntegra, acesse PNME. Para saber mais sobre eletromobilidade, acesse Planeta Elétrico.