Expectativa da categoria é lançamento da linha de crédito aidan em 2025. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasi
Durante o Brazil Emirates Conference em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, Ibaneis Rocha (MDB), anunciou que vai implementar uma linha de crédito para eletrificar a frota dos táxis do Distrito Federal (DF). O evento ocorreu na segunda-feira, 14 de abril, e teve a presença do presidente do BRB (Banco de Brasília), que irá conceder o crédito para compra de táxis elétricos.
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A medida é fruto de uma solicitação feita pelo Sindicato dos Taxistas de Brasília (Sinpetaxi) em janeiro deste ano. No ofício enviado ao governador, o presidente do Sinpetaxi, Sued Silvio Souza, pediu essa linha de crédito de até R$ 180 mil, com 1% de juros subsidiados ao ano, isenção do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) e carência de seis meses para iniciar o pagamento.
No Distrito Federal, 4,5 mil pessoas atuam como taxistas. Porém, 3,5 mil carros têm a autorização para prestar o serviço de táxi em Brasília.
Em Dubai, o governador explicou que está fazendo uma parceria com o BRB e a Secretaria de Economia. Ibaneis acrescentou que o DF vai apostar cada vez mais na eletrificação. A categoria de taxistas já se reuniu com a Secretaria de Transporte e Mobilidade do DF.
“Conversei com o presidente do sindicato dos taxistas, e eles gastam R$ 10 para rodar 14 km. Se fosse um carro com energia elétrica seria R$ 1. Assim, nós melhoramos a renda do taxista e talvez conseguimos reduzir o preço da bandeira”, explicou Rocha.
Em relação ao ICMS, Ibaneis afirmou que analisa a possibilidade de redução da cobrança para a categoria. Apesar dos taxistas terem isenção de ICMS garantida para carros a combustão, veículos elétricos pagam 20%.
“Acho que o Comitê Nacional de Secretários de Fazenda, Finanças, Receita ou Tributação dos Estados e do Distrito Federal (Comsefaz) não terá dificuldade, mesmo que faça só para os taxistas, o impacto de receita não será tão grande”, explicou Rocha sobre um possível desconto.
No ofício enviado pelo Sinpetaxi, o presidente defende que o governo do Distrito Federal (GDF) não perderá arrecadação, pois a compra de elétricos e híbridos pela categoria é insignificante sem o benefício. Por outro lado, ressaltou o benefício ambiental da redução das emissões.
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Além da isenção do ICMS e linha de crédito pelo BRB, o sindicato ainda tenta reduzir o peso do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para a categoria. Por se tratar de um imposto federal, Sued acredita que será mais complicado negociar uma isenção. Porém, ele revelou ao Mobilidade Estadão que já agendou reuniões com montadoras de carros elétricos no Brasil.
Aliás, a própria BYD entrou em contato com a categoria para negociar descontos atrativos para taxistas. O interesse das montadoras em fazer parte dessa linha de crédito tende a crescer quando o anúncio for oficializado. Por enquanto, o governador apenas indicou que vai ocorrer, mas não deu detalhes e processo de implementação.
Além da BYD, a Omoda & Jaecoo, CAOA Cherry e GWM já estão em contato com o sindicato. No ofício de proposta, Sued sugeriu iniciar a linha de crédito com 100 taxistas para começar a renovação da frota.
Outro ponto abordado pela categoria é a infraestrutura de carregamento desses carros. Caso realmente haja o interesse de eletrificar os táxis do DF, será necessário instalar pelo menos três estruturas de eletropostos na Rodoviária do Plano Piloto, no Aeroporto JK e na Esplanada dos Ministérios.
Na perspectiva do presidente do Sinpetaxi, o governo pode instalar esses eletropostos próximos aos pontos de táxis ou a categoria fechar uma parceria com alguma empresa. No quesito rendimento e economia, um programa do executivo é mais interessante, pois cada kW custaria cerca de R$ 1. Por outro lado, as empresas costumam cobrar R$ 2,5 por kW nos eletropostos de Brasília.
Seja como for, Sued entende que apenas a linha de crédito não será suficiente. Para garantir a sustentabilidade e o trabalho dos taxistas, a infraestrutura é essencial. “No caso de um taxista que gasta R$ 4 mil por mês com combustível, deve gastar menos de mil com o carro elétrico. Esses R$ 3 mil que sobram vão para a prestação do carro, a economia vem depois”, explicou.
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