Desde o início da pandemia, o segmento de motocicletas tem mostrado forte crescimento. A recuperação da indústria de duas rodas já vinha acontecendo desde 2018, é verdade, mas foi impulsionada durante a pandemia de covid-19, que teve início em março de 2020. Além do aumento do delivery e das entregas de última milha com motocicletas, a procura das pessoas por um meio de transporte individual também impulsionou as vendas de motos e scooters. O alto preço dos automóveis e o aumento nos combustíveis também contribuíram para o crescimento nas vendas desse tipo de veículo.
Tanto fabricantes como revendedores têm motivos de sobra para comemorar os resultados deste ano. Até outubro, as fabricantes de motocicletas instaladas no Polo Industrial de Manaus (PIM) já produziram 1.323.000 unidades. O volume representa crescimento de 10,4%, na comparação com o mesmo período do ano passado. De acordo com a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo), esse é o melhor resultado atingido pelo setor nos últimos dez anos.
Já os emplacamentos crescem em ritmo ainda mais acelerado. No acumulado de 2023, o segmento de motocicletas já emplacou 1.318.227 unidades, alta de 19,1%, na comparação com os dez primeiros meses de 2022. De acordo com a Fenabrave, federação que reúne os distribuidores de veículos do País, a expectativa é que as vendas fechem o ano com incremento anual de 20%. No início deste ano, o setor projetava um crescimento de 9% nos emplacamentos.
Entretanto, mesmo com o desafio do crédito restrito e com altas taxas de juros, o segmento de motocicletas tem encontrado saídas. Além do aumento nas compras à vista, o consórcio tem se popularizado ainda mais.
Dados da Associação Brasileira das Administradoras de Consórcio (Abac) mostram que a venda de novas cotas no segmento de motocicletas cresceu 7,9%, somando 636.670 cotas vendidas no primeiro semestre deste ano.
De janeiro a junho de 2023, foram contemplados 359.300 consumidores no consórcio de moto – alta de 8,8%, em relação ao primeiro semestre de 2022. De acordo com a Abac, esse total correspondeu a 46,1% das 779.650 motos vendidas no período. Ou seja, praticamente uma em cada duas motos foi adquirida por meio de consórcio.
Com o mercado em alta, fabricantes, montadoras e distribuidores apresentaram diversas novidades no mercado brasileiro. O foco principal das novidades em 2023 foram os segmentos de média e alta cilindrada. Embora representem a menor fatia do mercado de motos, tiveram aumento nas vendas acima das motos menores.
Scooters de média capacidade, como o Dafra Cruisym 300 e a nova BMW C 400X, miram o consumidor de classe média que procura um veículo moderno, seguro e prático para driblar o trânsito. Freios ABS, conectividade e até controle de tração equipam os novos modelos.
Motos, como a nova Honda CB 300F Twister, desenvolvida inteiramente no Brasil e exportada para o restante do mundo, mostra a força do setor de duas rodas no País. Isso sem falar na chegada de novas marcas, como a Bajaj e sua Dominar 400. Instalada no Brasil desde dezembro, a marca indiana, a terceira maior produtora de motos do mundo, já revelou planos de abrir uma fábrica própria em Manaus (AM), em 2024.
Na edição deste ano do Prêmio BYD Mobilidade Estadão 2024, escolhemos 15 modelos de motos para concorrer em seis categorias. Confira detalhes a seguir.
As scooters ganharam concorrentes de “peso” neste último ano. Disputam a categoria a Dafra Cruisym de 300 cc, com conforto até para pegar estrada, e a BMW C 400X, primeira scooter produzida pela fabricante alemã no País. Cada uma, dentro da sua proposta, trouxe novidades ao segmento que vem se popularizando nos últimos anos. Quem também merece destaque é a Yamaha NMax 160 Connected, que ganhou sistema de conectividade para smartphones – novidade nas scooters de até 160 cc.
O segmento de motos urbanas é o mais disputado no mercado brasileiro. Os lançamentos e as concorrentes mostram que, embora os modelos de baixa cilindrada ainda sejam os mais vendidos, as motos médias têm ganhado cada vez mais força. O emplacamento de modelos acima de 160 cc e abaixo de 400 cc cresceram 29%, até setembro. Resgatando o famoso nome Twister, a CB 300F enfrenta a clássica Royal Enfield Hunter 350 e a crossover Bajaj Dominar 400 – ambas de marcas indianas que já anunciaram investimentos no País.
Acompanhando o crescimento na venda de motos, as trail, também chamadas de motos de uso misto, têm caído no gosto do motociclista brasileiro. De olho nesse mercado, a Dafra ampliou a sua linha NH, com a vinda da nova versão de 300 cc mais potente, e a Royal apresentou a Scram 411, derivada da Himalayan, mas com estilo mais jovem. Os modelos com proposta mais urbana enfrentam a imponente T 310, da recém-chegada Zontes. A trail da marca chinesa, porém, inova por oferecer equipamentos sofisticados, como painel totalmente digital, e mais conforto para viagens.
Apesar de as vendas de motos esportivas terem caído, o segmento ainda tem bom volume, principalmente por causa dos modelos de menor capacidade. Entretanto, as três finalistas possuem motores de mais de 1.000 cc e 200 cv de potência máxima. Renovada, a BMW S 1000RR lidera as vendas entre as superesportivas com essa cilindrada e enfrenta a bela Ducati Panigale V4S e a famosa Honda Fireblade CBR 1000RR-R.
Antes, sinônimo de motos custom, como as da Harley-Davidson; hoje, o segmento de motos estradeiras, criadas para viajar, é dominado pelos modelos aventureiros. Cada uma das finalistas tem sua proposta, mas compartilham a versatilidade. A Tiger Sport 660 aposta no novo motor de três cilindros da marca inglesa para viagens confortáveis pelo asfalto. Já a Honda Africa Twin Adventure Sports mantém o “pé” na terra, com suas rodas raiadas e aro de 21 polegadas, na dianteira, mas sem perder o conforto e a sofisticação das big trail. Já a Ducati Desert X promete bom desempenho no off-road, para os motociclistas mais, digamos, aventureiros.
Embora sejam de diferentes segmentos, as finalistas estão na categoria Moto do MotoMotor por trazer inovações às motocicletas. A aventureira da Honda e seu câmbio de dupla embreagem com trocas automatizadas quer tornar as viagens mais confortáveis e acessíveis. Já a BMW aposta na aerodinâmica e na eletrônica de última geração para acelerar com segurança nas pistas. A Desert X prova que, até mesmo um modelo de quase 1.000 cc, pode se comportar como uma verdadeira moto de rally.