Com tantas ruas e estradas repletas de buracos, não é de se estranhar que muita gente prefira SUVs, picapes e as versões aventureiras de carros de passeio. Mas será que não existe uma alternativa mais em conta, como adaptar molas maiores em veículos com suspensão convencional, a fim de proporcionar maior robustez a eles?
A solução pode até parecer simples, mas, na realidade, não é bem assim, como explica Julio Silva, gerente de qualidade e de serviços da Nakata.
“É preciso deixar bem claro que tentar aumentar a altura da suspensão usando molas ou amortecedores de outro veículo é algo que não existe para os engenheiros, é a chamada ‘gambiarra’, que nenhum profissional responsável pode levar a sério”, alerta.
“Alguém pode até dizer que conhece um mecânico que faz esse tipo de serviço, mas não se pode esquecer que a suspensão está diretamente ligada à segurança do automóvel e de seus ocupantes”, afirma o especialista.
Existem ainda as chamadas versões aventureiras de veículos como Fiat Argo, Renault Sandero e Hyundai HB20, por exemplo (Trekking, Stepway e HB20X, respectivamente), que se destacam pela suspensão mais alta em comparação com a dos modelos standard.
Muitos se questionam se é possível instalar a suspensão dos aventureiros nos carros “normais”. Para Jair Silva, a resposta é não.
“Todo o sistema de suspensão da versão standard do veículo foi projetado para trabalhar com determinado conjunto de molas e amortecedores”, explica. “Se você instalar os componentes de suspensão da versão trekking em um Fiat Argo Drive, por exemplo, vai alterar toda a geometria da suspensão, o que afetará a dirigibilidade e o comportamento dinâmico do carro, e não será possível corrigir isso.”
A mesma recomendação vale para quem pensa em instalar amortecedores e molas da versão standard em um aventureiro.
É importante lembrar ainda que em muitos casos, a versão aventureira de um modelo não conta apenas com molas e amortecedores diferentes da configuração “normal”, incluindo reforços estruturais – para suportar os esforços aos quais o carro pode ser submetido –, assim como pneus e rodas.
Ou seja, mesmo que fosse possível fazer a “transformação”, o custo total dificilmente compensaria. É melhor adquirir um carro que já tenha sido projetado para ter tudo isso.