Tecnologia V2X_Oficina Mobilidade_Getty Images
Imagine a seguinte situação: momentos antes de se aproximar de uma esquina para a conversão, o motorista recebe um alerta sobre a presença de outro veículo que pode causar um acidente. Em fração de segundos, um recurso reduz a velocidade dos dois carros para evitar colisão. A cena é apenas um exemplo dos benefícios da tecnologia V2X, do inglês Vehicle-to-Everything (veículo para tudo, em tradução livre).
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Em fase de desenvolvimento, o V2X compreende um sistema de comunicação entre veículos e o ambiente ao redor. A conexão ocorre de forma bidirecional. Ou seja: é receptora e emissora de informações de diferentes fontes. Assim, a troca de dados ocorre entre automóveis, pedestres, ciclistas, infraestrutura viária e redes móveis, como 4G ou 5G.
“O recurso vai proporcionar um benefício enorme para a mobilidade urbana, em especial na questão da segurança, com a capacidade de evitar acidentes, e também nos deslocamentos e serviços”, diz Leandro de Campos, gerente de Pesquisa e Desenvolvimento do Instituto de Pesquisa Eldorado, que se dedica a promover soluções inovadoras para empresas em setores como tecnologia da informação, automotivo e agronegócio.
Ele acrescenta: “Com as informações, e sem qualquer interferência humana, será possível ajustar rotas ao detectar obras ou congestionamentos no caminho, por exemplo”.
No entanto, ainda há desafios a serem superados. “Veículos e toda a infraestrutura precisam de alto nível de conectividade para dar respostas em tempo real. Existe uma infinidade de dados que podem ser transmitidos. Portanto, a tecnologia deve amadurecer para ser robusta e plenamente confiável”, revela.
Para tudo funcionar com precisão, a tecnologia tem de compartilhar informações. Por exemplo: coordenadas exatas do veículo, velocidade e direção, frenagens, condições da pista e do trânsito e tempos de deslocamento, além de todos os elementos do ambiente externo.
Campos conta que um protocolo de comunicação, o CV2X, integra a “linguagem” entre veículos e ambiente. Assim, a tecnologia pode oferecer conectividade contínua e atualizada em tempo real, sempre fazendo uso de servidores na nuvem.
Com essa integração, o carro receberá a informação de que o semáforo adiante fechará. Assim, o motorista começará a reduzir a velocidade antes de chegar ao farol. Além disso, pode priorizar a via para passagem de um veículo de emergência.
O automóvel também será alertado da presença de pedestre fora do campo de visão do motorista, seja pelo celular ou por detecção de câmeras conectadas.
Campos explica que, nos carros elétricos, a tecnologia fará a conexão com a rede elétrica, possibilitando o compartilhamento de energia, a indicação de energia mais barata, assim como recargas mais eficientes.
Atualmente, o Brasil vem promovendo algumas experiências para aperfeiçoar o V2X. Uma delas é a Rua Conectada, projeto de via inteligente que está em fase final de construção na região de Campinas (SP) e encabeçado pelo Eldorado em parceria com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), por meio das faculdades de Engenharia Elétrica, Computação e Engenharia Mecânica. “É um trabalho árduo, porque o V2X precisará de adoção massiva para se desenvolver”, diz.
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