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O triste retrato da mortalidade de motociclistas no Brasil

Por: José Aurélio Ramalho . 11/08/2021
Meios de Transporte

O triste retrato da mortalidade de motociclistas no Brasil

Há uma década, entre todas as vítimas fatais do trânsito no Brasil, quem lidera esse ranking é quem está numa motocicleta

3 minutos, 45 segundos de leitura

11/08/2021

Foto: Pexels

A cada ano, desde 2009, o número de motociclistas mortos só cresce. Os últimos dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde dão conta de que eles são mais de 35% do total das vítimas fatais. O tema requer ações urgentes para reverter o quadro.

Ninguém discute a importância desse meio de transporte para a economia do País. Num cenário recente de isolamento social, foram as motos que puderam levar a quem cumpriu as orientações das autoridades sanitárias, e ficou em casa, gêneros de primeira necessidade e também outros importantes serviços para que a vida não parasse por completo.

No estudo realizado pelo Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV), fica claro que o meio de transporte precisa de atenção. Desde 2014, o total de mortes por ocorrências de trânsito, no Brasil, vem diminuindo lentamente. Porém, quando você olha somente para as mortes de motociclistas, os números não caem – eles se mantêm.

No último ano de dados disponíveis, o total de óbitos registrados foi de 31.945. Se comparado com o ano anterior (2018), houve uma redução de 2%. Se separarmos os dados de motociclistas mortos em 2019, eles representam 35,1% do total registrado – ou seja, é a maior parte. De 2001 até 2012, as mortes por ocorrências cresceram. Entretanto, de 2013 em diante, somente os que estavam numa moto aumentaram ou se mantiveram. Confira outros números dessa tragédia nacional nos quadros ao lado.

Se compararmos o total de óbitos de motociclistas de 2001 a 2019, houve um aumento de 244,7%. Já o índice de mortes por 100 mil habitantes, que é utilizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para classificar os países quanto à segurança no trânsito, subiu de 10, em 2001, para 35, em 2019. Em países considerados exemplo de segurança viária, a taxa por 100 mil habitantes varia entre 2 ou 3 óbitos.

Para frear essa tragédia nacional, necessitamos, urgentemente, de uma ação coordenada que envolva vários setores da sociedade e que seja coordenada e integrada pelos órgãos que compõem o Sistema Nacional de Trânsito, como Denatran, Detran, municípios, entre outros. Também é necessário haver agressivas campanhas de conscientização entre os principais envolvidos nesse grave problema: os próprio motociclistas.

Habilitados x frota de motocicletas

Comparando o número de motocicletas emplacadas versus a quantidade de habilitados para conduzir motocicletas, 18 dos 26 Estados, e o Distrito Federal, há uma proporção de mais veículos que condutores habilitados.

Nesses locais, a probabilidade da condução de uma motocicleta sem habilitação é maior. Esse fator se consolida no número de infrações de motociclistas pilotando sem a CHN.

No MA, para cada condutor habilitado para motocicleta, há quase três motocicletas emplacadas (2,7). Em SC, para cada condutor habilitado, há menos de uma (0,6) motocicleta pelas ruas e rodovias do Estado.

Nessa análise, é possível estimar que, no Maranhão, existe uma parcela bem maior de condutores não habilitados conduzindo motocicletas – o que precisa ser revertido, com fiscalização rigorosa e educação.

Infrações relacionadas à habilitação, de 2019 a 2021

Os dados analisados entre 2019 até 2021 mostraram crescimento em algumas infrações de trânsito. Dos motociclistas, 43,7% foram flagrados dirigindo sem possuir CNH; 73,4% estavam com a CNH de categoria diferente da do veículo ou suspensas; e mais que dobrou o total de infrações aplicadas nesse período em pessoas que permitiram a posse ou condução do veículo de alguém que não possui CNH (102,8%). Por outro lado, mais de 150% entregaram o veículo a uma pessoa com CNH de categoria diferente ou com carteira suspensa.

Em relação às infrações relacionadas à condução de motocicletas, todas apresentaram aumento, entre 2019 e 2021, sendo que a infração por conduzir sem capacete aumentou 18,3%; já a por transportar passageiro sem capacete, teve um aumento de 45%; e uma das mais graves foi com relação ao transporte de crianças menores de 7 anos: o crescimento das infrações aplicadas mais que dobrou: 116%.

Custos

Segundo o IPEA, o Brasil gasta, anualmente, R$ 50 bilhões com as ocorrências de trânsito. Se o número de motociclistas mortos, por ano, representa 35% do total, gastamos R$ 17,5 bilhões com as ocorrências envolvendo motociclistas. Se levarmos em consideração a arrecadação de impostos com a venda de motocicletas em todo Brasil, esse valor representa quatro vezes menos dos gastos para atender às ocorrências.

Veja o estudo completo aqui.

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