Amsterdã é modelo de mobilidade ativa
Capital holandesa é exemplo mundial para outras cidades que buscam implementar a bicicleta como meio de transporte
3 minutos, 9 segundos de leitura
24/11/2021
A abordagem da iniciativa Amsterdam Smart City é a de priorizar o usuário final (os cidadãos) como principal forma de aprimoramento. Parte essencial para o desenvolvimento de iniciativas é a utilização de Living Labs, que garantem a oportunidade dos cidadãos testarem as soluções nas fases iniciais, assegurando maior eficiência no momento de implementação.
Com um grande adensamento populacional, o deslocamento da população é um desafio para a capital holandesa. Amsterdã administra o planejamento da mobilidade urbana ao utilizar tecnologias da informação e comunicação, ao promover a acessibilidade local e ao garantir que os milhares de turistas que frequentam a cidade todos os anos façam parte dessa gestão.
Para isso, a Companhia de Transporte Público dispõe de um sistema similar ao Bilhete Único, que inclui diversos modais de transporte. O Chipkaart OV-card engloba metrô e ônibus e também garante o translado de balsa, barcos e autocarros com apenas uma forma de pagamento.
O país também possui um sistema de gerenciamento da mobilidade de caráter empresarial ao oferecer soluções para reduzir o uso de veículos particulares na viagem até o trabalho. O Corporate Mobility Management foi implementado em 1989 e reduziu até 8% no uso de carros de funcionários em empresas que adotaram a medida.
Cidade das bikes
Considerada a capital mundial do ciclismo, 32% do tráfego de Amsterdã é feito de bicicleta, em comparação com apenas 22% de todas as viagens realizadas de carro. Com 63% dos habitantes utilizando esse veículo, diariamente, a cidade possui mais bicicletas que cidadãos, com um número quatro vezes maior desse modal do que veículos individuais. São mais de 500 quilômetros de ciclovia espalhados por 218 km² de espaço urbano, com corredores compartilhados, guardas de trânsito e sinalização especial para ciclistas.
Parte do sucesso da implementação desse meio de transporte está na campanha “Pare o Assassinato de Crianças”, realizada, em 1971, por meio de protestos populares. Com a disseminação dos carros como principal meio de locomoção, na Europa, na década de 70, o número de acidentes no trânsito aumentou de forma alarmante. Com isso, o governo encontrou apoio na população para buscar novos meios de transitar pela cidade que evitassem fatalidades.
São Paulo investe na bicicleta
“Acredito que um dos principais aprendizados que Amsterdã proporciona em relação à mobilidade urbana é a aceitação, por parte da população, de utilizar diferentes modais. São Paulo, que foi a vencedora no eixo de mobilidade urbana do Ranking Connected Smart Cities, ainda está caminhando para ser uma cidade mais inclusiva para ciclistas e penso que parte do processo está na popularização desse meio de transporte”, aponta Paula Faria, idealizadora do Connected Smart Cities & Mobility.
São Paulo é a cidade do Brasil com a maior quilometragem de ciclofaixas e políticas públicas voltadas ao setor. Apesar disso, ainda existe resistência de motoristas em respeitar esses espaços: a estrutura incompleta de algumas áreas, como a falta de sinalização, estimula carros e motos a invadirem o espaço para desembarque.
Mesmo com os desafios, o primeiro trimestre de 2021 teve um crescimento de 22,8% de bicicletas nas principais vias da cidade. A pesquisa “Viver em São Paulo – Mobilidade Urbana”, realizada pelo Ibope, por encomenda da rede Nossa São Paulo, aponta, ainda, que 82% dos paulistanos desejam mais ciclofaixas. A tendência é que esse apoio aumente, tornando políticas públicas para o setor essenciais à segurança dos ciclistas.
A discussão sobre mobilidade ativa estará presente na 8a edição do Evento Nacional Connected Smart Cities & Mobility, a ser realizado nos dias 4 e 5 de outubro de 2022.
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