Desafios da mobilidade urbana em Recife
Capital pernambucana busca, em modelos internacionais, soluções para lidar com altos níveis de congestionamento
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01/12/2021
Recife (PE) é a terceira cidade mais bem avaliada no Nordeste pelo Ranking Connected Smart Cities 2021. A capital pernambucana destaca-se por possuir o Porto Digital, considerado o maior parque tecnológico do País, o mais moderno aeroporto das regiões Norte e Nordeste, o maior número de consulados estrangeiros fora do eixo Rio-São Paulo e uma indústria de construção civil consolidada. A cidade conta, ainda, com um dos principais centros universitários do Brasil, além de ser um dos maiores polos de produção artística e cultural da região.
Um dos principais desafios para o desenvolvimento da capital é a mobilidade urbana. De acordo com o relatório da companhia holandesa TomTom Traffic Index, que avalia 416 cidades em 57 países, Recife foi a cidade brasileira que possuiu o maior nível de congestionamento em 2020, seguida por Rio de Janeiro, Fortaleza e Salvador.
De acordo com o IBGE (2020), a capital do Estado de Pernambuco é a nona cidade mais populosa do Brasil. Com alto índice de adensamento populacional, o recifense passa, em média, 24 minutos a mais no trânsito por dia, contabilizando até 193 “horas extras” de viagem por ano. Ainda, a Mobilize Brasil realizou um estudo para avaliar a situação da calçada de 12 capitais brasileiras, classificando Recife entre as cinco piores no ranking, com a média geral abaixo das capitais avaliadas.
Apesar dos desafios, a prefeitura de Recife tem desenvolvido soluções para melhorar a qualidade nos deslocamentos: a maratona Hacker Cidadão 8.0 propôs o desafio de mapear o acesso a serviços essenciais, com o objetivo de implementar o conceito de Cidade de 15 Minutos, contribuindo para a criação de uma plataforma colaborativa de tomada de decisão.
Cidade 15 minutos
O conceito foi criado pelo urbanista franco-colombiano Carlos Moreno, professor da Universidade Paris-Sorbonne, que busca um projeto urbano em que todos os serviços possam ser acessados pelos cidadãos em, no máximo, 15 minutos. A teoria é elaborada com base na ideia de “cronourbanismo”, ou seja, a mudança da ideia de tempo de deslocamento dentro das cidades.
Com base no estudo, Paris, sob a liderança da prefeita Anne Hidalgo, passou a limitar a circulação de carros, ampliar ciclovias e expandir o acesso a pedestres. A pandemia da covid-19 trouxe a necessidade de reavaliar os polos de moradia, emprego e educação, com a finalidade de reduzir os deslocamentos e descentralizar esses espaços. A criação de novas centralidades estão sendo planejadas em espécies de “superquadras”, que permitem o acesso a diferentes localidades, sem a necessidade de utilizar carro – essa estratégia já está sendo implementada em locais como Ottawa (no Canadá), Detroit (nos Estados Unidos) e Barcelona (na Espanha).
Essa abordagem demonstra a necessidade de implementar políticas públicas que busquem uma ocupação urbana mais humanizada, entendendo que os serviços devem se adaptar aos cidadãos, não o contrário. A prefeitura de Recife elaborou o Plano Centro Cidadão, em parceria com a Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), firmado em 2014 e concluído no final de 2018, que resultou em um planejamento urbano multidisciplinar e construído com a sociedade, que compõe uma cidade integrada.
A capital busca criar uma cadeia econômica que inclua a capacidade de criar, inovar e conectar a população. Apesar das adversidades, Recife é um dos principais polos tecnológicos do País, tendo potencial para ser pioneira em diversas políticas voltadas para o desenvolvimento de smart cities.
O recifense passa, em média, 24 minutos a mais no trânsito por dia
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