Estudo: 1 em cada 4 ciclistas do País usa a bike há menos de 2 anos
Mais amplo estudo sobre o modal feito no Brasil revela hábitos e motivações dos ciclistas
Realizada desde 2019, a pesquisa nacional Perfil do Ciclista 2021 acaba de divulgar seus resultados, dados que retratam as necessidades de quem pedala em todo o Brasil e podem servir de subsídios para políticas públicas com foco no modal. Implementado pela organização Transporte Ativo e pelo Laboratório de Mobilidade Sustentável da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Labmob-UFRJ), o estudo contou com mais de 180 pesquisadores, que atuaram entre setembro e novembro de 2021.
Foram feitas entrevistas com mais de 10 mil ciclistas, em 16 cidades* do País, de diferentes tamanhos: pessoas, a partir de 12 anos de idade, que usam a bike uma vez por semana ou mais e que foram abordadas pedalando, empurrando ou estacionando o veículo.
“Como aperfeiçoamento dessa edição, lançamos o painel de controle, que facilita a comparação dos dados entre as cidades. Notamos que a consciência ambiental vem crescendo a cada ano, embora ainda seja muito baixa para as necessidades dos tempos atuais”, diz Zé Lobo (à esq.), diretor-presidente da Transporte Ativo e coordenador da pesquisa. Foto: Divulgação Transporte Ativo
Confira no gráfico abaixo os dados que refletem a situação do País. De acordo com o coordenador, os dados – 10 mil entrevistas e cerca de 200 mil respostas – permitem várias leituras do tema. “As possibilidades são muitas e cada gestor, estudante, pesquisador ou curioso tem a oportunidade de fazer cruzamentos que atendam a seus interesses e objetivos. Acreditamos que essa pesquisa é fundamental para a produção de conhecimento sobre o uso da bicicleta e também para sua promoção como modo de transporte eficiente, saudável, seguro e ambientalmente correto”, diz Lobo.
Reforço inesperado
O Perfil do Ciclista 2021 também avaliou as mudanças no uso da bike nos dois últimos anos. “Dentre os entrevistados, 26%, ou, praticamente, um em cada quatro usa a bicicleta como meio de transporte há menos de dois anos, ou seja, começaram a pedalar para seus deslocamentos no dia a dia durante a pandemia”, explica o coordenador.
Segundo ele, no universo dos que já pedalavam antes da covid-19, 52% tiveram seus deslocamentos pelo modal alterados de alguma forma e 37% aumentaram o uso de bicicletas. “Esse é um impulso muito importante para que se possa alcançar alguns dos objetivos do desenvolvimento sustentável, como cidades e comunidades sustentáveis, vida saudável, combate às alterações climáticas, energia limpa e, é claro, uma mobilidade mais eficiente e segura em nossas cidades”, finaliza.
Principais destinos:
Trabalho: 75,4%
Social: 63,6%
Compras: 50,6%
Escola/Faculdade: 15,4%
Motivação para pedalar
Rapidez/praticidade: 35,4%
Saúde: 30,5%
Custo: 23%
Consciência ambiental: 4,7%
Outros: 6,1%
Sem resposta: 0,4%
Estímulo para pedalar mais
Infraestrutura: 55,6%
Segurança no trânsito: 26,8%
Segurança pública: 7,3%
Outros: 6,2%
Arborização/sombreamento: 2,5%
Sem resposta: 1,6%
Fonte: Perfil do Ciclista Brasileiro, 2021
Conheça os resultados regionais do Perfil do Ciclista 2021
- Em Belém (PA), 94,8% dos entrevistados pedalam cinco ou mais vezes por semana, bem acima da média nacional, de 51,2%
- A maior parte dos ciclistas da capital paulista (62,2%) usa a bike como meio de transporte há menos de cinco anos, indicador acima da média nacional, de 51,2%, que aponta aumento no uso durante a pandemia
- Em Brasília (DF), 68,5% dos ciclistas pedalam como meio de transporte há menos de cinco anos
- Porto Alegre (RS) ficou um pouco acima da média nacional, em relação à consciência ambiental, com 5,8% dos respondentes pedalando, principalmente, por esse motivo
- No Recife (PE), menos de 50% dos entrevistados estão na faixa entre 25 e 34 anos, um fato relativamente raro nas capitais (média é de 53%)
- No Rio de Janeiro (RJ), apenas 8,8% dos ciclistas têm renda entre um e dois salários mínimos, por mês (a média nacional é de 26,7%)
- Já Salvador (BA) se mostra bem diferente do Rio de Janeiro nesse aspecto, com 43,8% dos entrevistados recebendo, mensalmente, entre um e dois salários mínimos, por mês.
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