Como o Brasil pode liderar a transição para as ‘cidades do futuro’
O segmento de mobilidade urbana é essencial e será preciso criar uma rede de transporte de baixa emissão de carbono
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24/01/2024
Em setembro, o Brasil presidiu o encontro do G20, feito que, além de trazer reconhecimento, colocou o país em posição de destaque para os mercados emergentes. O território já vinha aumentando sua relevância regional e agora se consolidou. Tanto que, desde 2001, a economia quadruplicou e hoje está entre as dez maiores do mundo.
Estive no Brasil recentemente, minha primeira visita, e pude ver de perto o quão grande é o potencial para esta nação ser uma referência aos demais países em desenvolvimento. Frente à presidência do G20, o Brasil pode liderar uma agenda muito importante para o futuro das áreas urbanas.
Alta taxa de urbanização
Embora não seja muito diferente de outros países em crescimento, a posição geográfica única e a taxa extraordinária de urbanização (88%) criam uma plataforma que demanda mudanças nesse tema.
E os demais emergentes estão contando com as suas iniciativas para abrir o caminho das soluções inovadoras. Seria possível essa nação liderar novamente o desenvolvimento dos centros urbanos e se tornar um exemplo para o mundo?
Sim, mas é necessário trabalhar em áreas prioritárias para o avanço das cidades. O setor de mobilidade urbana é essencial e será preciso focar em criar uma rede de transporte de baixa emissão de carbono, reorientar investimentos para esse tipo de solução, melhorar o planejamento metropolitano e estimular a adoção de deslocamentos mais sustentáveis.
Integração entre zonas urbanas
A “Política Nacional de Mobilidade Urbana e o Programa Nacional de Emissões Veiculares” dá uma base sólida, mas esses pontos precisam estar alinhados às demandas municipais. Ainda, para melhorar o trânsito, pode-se implementar redes ferroviárias de alta velocidade para facilitar integração de zonas urbanas.
Também será importante reformular os programas de moradia popular e desenvolver moradias de renda mista. Programas como o Minha casa, Minha Vida são interessantes, mas é possível aperfeiçoá-los, introduzindo elementos para melhorar a situação habitacional por meio de espaços de renda mista.
Por exemplo, o distrito de Mariposa, em Denver, no Colorado, transformou o uso de uma área de moradia popular que estava em situação precária em um bairro diverso e de fácil deslocamento a centros culturais e de atendimento à saúde.
Para proteger as cidades litorâneas vulneráveis às mudanças climáticas, o Brasil deve buscar uma adaptação completa e um planejamento resiliente. Já há uma movimentação com o programa Rio Resiliente, mas é preciso mais. Ao focar em iniciativas de recuperação de desastres, economia circular e educação, o país poderá ser visto como pioneiro no planejamento climático.
O governo deve liderar essa transformação e desenvolver o plano, mantendo o protagonismo das administrações municipais na tomada de decisão. Estas devem criar estratégias em relação aos riscos das mudanças climáticas, além de planos de financiamento que priorizam a alocação de orçamento para a recuperação de desastres.
Vale reforçar que a participação ativa dos cidadãos é um dos principais elementos para o sucesso de qualquer estratégia de desenvolvimento de cidades. Por isso, outra área a ser atacada é o incentivo à comportamentos sustentáveis.
Por exemplo, o plástico – até que seu uso único seja banido, a população deve ser orientada a usar substitutos mais ecológicos, como garrafas retornáveis ou sacolas reutilizáveis. Esses programas precisam ser ampliados para todas as cidades.
O Brasil já tem as ferramentas necessárias para a transição e ser referência no desenvolvimento das “cidades do futuro”. Com tanto potencial, o país não pode perder esse momento. O tempo de agir é agora.
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Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do Estadão
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