O interior como projeto de vida
Pandemia acelerou os planos de quem pensa em morar fora dos grandes centros
2 minutos, 45 segundos de leitura
04/08/2020
Quem vive nas grandes cidades brasileiras certamente já pensou em se mudar para locais mais afastados e tranquilos. As motivações são as mais diversas: o desejo de escapar dos problemas típicos das metrópoles – trânsito, poluição, violência –, a vontade de ter maior contato com a natureza e até mesmo a perspectiva de reduzir o custo de vida.
Com a pandemia de covid-19, muitas famílias decidiram dar esse passo, em definitivo ou como experiência temporária. Outras tantas ainda não se mudaram, mas perceberam que o desejo pode se tornar viável graças à evolução tecnológica.
A disseminação emergencial do trabalho remoto contribuiu para demonstrar, tanto aos profissionais quanto às empresas, que em muitos casos a localização física deixou de ser essencial.
85% das pessoas em 1% do território
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que quase 24% da população do País – 50,1 milhões de pessoas – vivem nas 27 capitais. Outra estatística que evidencia a concentração urbana do Brasil mostra que um terço da população vive nos 50 maiores municípios, restando dois terços para os demais 5.520 municípios.
Embora as projeções globais apontem um crescimento da população urbana, que deve chegar a 70% em 2050, projeta-se que o Brasil já possa ter alcançado o auge desse processo.
Atualmente, 85% dos brasileiros vivem em zonas urbanas, que representam apenas 1% do território do País. Quando a república brasileira foi proclamada, em 1889, era o inverso: 85% dos brasileiros viviam em zonas rurais.
Sonhos realizados
Muita gente pode ter o sonho de morar no interior, mas talvez nem todos se acostumem a uma vida mais pacata. O ideal é experimentar antes da decisão definitiva – e a covid-19 provocou um cenário adequado para isso.
Com a adoção do home office em várias empresas, muitas pessoas se mudaram para a casa de parentes no interior ou alugaram imóveis no campo e na praia, de forma temporária.
A contabilista Valéria Rodrigues, no entanto, mudou-se para o litoral decidida a permanecer. “Já tinha ideia de ficar mais tempo com a minha mãe, que vivia sozinha na Praia Grande. A crise deu o empurrão que precisava. A cidade tem estrutura, tem o mar, que eu adoro, e não fica tão longe de São Paulo”, resume.
O técnico em Tecnologia da Informação José Renato Guimarães também realizou o plano de vida. Ele trocou o Alto de Pinheiros, em São Paulo, pelo Jardim Aquarius, em São José dos Campos (SP). “Tem muitas vantagens. Menos criminalidade e menos trânsito, mensalidades escolares e condomínio mais baratos. Caso haja um compromisso em São Paulo, estou bem perto, a apenas uma hora por boas estradas”, descreve.
Muitas mudanças têm as características da realizada por Valéria e José Renato: não se trata necessariamente de uma “volta ao campo”, para lugares muito afastados e isolados, mas da procura por zonas urbanas menos populosas, conectadas a grandes centros por rodovias seguras e confortáveis.
Com isso, é possível ter a sensação de estar desfrutando simultaneamente do melhor dos dois mundos: conforto e infraestrutura com segurança e tranquilidade.
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