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Mobilidade elétrica faz parte da solução

Por: . 18/06/2024
Mobilidade para quê?

Mobilidade elétrica faz parte da solução

Nas ciclovias, bicicletas disputam espaço com veículos velozes e pesados, pilotados por cidadãos que saíram de automóveis, mas trouxeram consigo o acelerador e a mentalidade de intimidar a pessoa ao lado

3 minutos, 22 segundos de leitura

18/06/2024

Ciclovia de SP com placa de sinalização. Adobe Stock
Ciclovias deveriam ser os espaços mais seguros das cidades para os ciclistas, mas hoje disputam espaço com veículos que não deveriam trafegar nela, como os ciclomotores.

Cidades sustentáveis e acessíveis não dependem de carros para funcionar. Elas oferecem estruturas para a livre escolha, cada um vai como quer, priorizando os modos ativos combinados ao transporte coletivo.

Nessa jornada disruptiva da lógica do século 20, que priorizou veículos motorizados individuais e detonou as cidades mundo afora, o maior desafio é: como desestimular o uso do automóvel?

Por mais que a população faça a sua parte, demande ciclovias, calçadas e transporte coletivo de qualidade, é enorme a lacuna entre a vontade política e as melhores soluções para uma cidade.
O que entre aspas “ajuda” é a tecnologia, que atropela essa lerdeza insustentável do Poder Executivo.

Disputa pelo espaço

Recentemente uma profusão de veículos elétricos surgiu no mercado, todos eles eficientes, mas que hoje acabam disputando o espaço daqueles que se movem a pé ou de bicicleta.

Esses equipamentos, de fato, tiram motoristas de carros, mas locomovem-se em uma velocidade que conflita com a escala humana. Então, fica a pergunta: qual é a solução?

O primeiro passo já foi dado na resolução número 996 de 15 de junho de 2023 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), que estabelece normas para estes veículos e em resumo descreve:

Bikes elétricas: tem que pedalar para o motor ajudar, vão até 32 km/h, até mil watts de potência, acelerador de assistência até 6 km/h, ficam equiparadas às bikes convencionais e podem usar ciclovias.

Equipamento individual autopropelido: com acelerador, vão até 32 km/h, até mil watts de potência, medida entre os eixos até 130 cm e podem usar ciclovias. Aqui estão patinetes, monociclos elétricos, skate elétricos e “bicicletas elétricas” com acelerador.

Ciclomotores (passageiro montado) e motonetas (passageiro sentado): com acelerador, velocidade até 50 km/h, potência máxima de 4 mil watts e o entre eixo maior que 130 cm. Estes veículos precisam de placas e requerem categoria A na Carteira Nacional de Habilitação (CNH), ou uma Autorização para Conduzir Ciclomotor (ACC) e não podem rodar nas ciclovias.

Próxima fase

Agora falta o segundo passo, que é a regulamentação municipal. Repito, estes veículos tiram carros das ruas, mas a disputa por espaço se acirrou. Por omissão de prefeituras como aqui em São Paulo, todos que não carros ou motos refugiam-se em ciclovias, até os pedestres.

Conclusão, o ambiente que deveria ser de proteção aos que vão de bicicleta, está ainda mais inseguro, numa disputa desigual, com veículos velozes e pesados, pilotados por cidadãos que saíram de automóveis, mas trouxeram consigo o acelerador e a mentalidade de intimidar a pessoa ao lado, usando seu carro como arma.

Educação é importante, mas não é tudo. Falta a normatização e fiscalização de uso nas ciclovias pelas prefeituras, velocidade máxima permitida ser bem menor que 32 km/h, mais a necessária inclusão destes veículos nas ruas da cidade.

O correto, até pelo artigo 9 da resolução do Contran, é adaptar as avenidas da cidade para que a velocidade máxima na pista da direita não exceda 40 km/h e com isso retomar um trabalho de acalmamento de trânsito que, no caso de São Paulo, foi abandonado por uma opção política.

Inserção dos veículos

Com isso, motonetas e ciclomotores poderiam circular pelas ruas da cidade e ajudar no processo de educação cidadã pelo compartilhamento de vias.

Reduzir a velocidade máxima nas ruas, além de salvar vidas, melhora a fluidez dos veículos, pois aumenta a velocidade média do sistema. Assim, mais e mais motoristas seriam atraídos a deixar seus carros em casa e moverem-se de forma mais eficiente pela cidade.

O que falta além de visão e vontade política? Inteligência de nossos gestores.

Leia também: Número de ciclistas na cidade de São Paulo não acompanha expansão das ciclovias

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do Estadão

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