Senai do Paraná desenvolve bateria que começa a ser testada em carro elétrico nacional
Componente é destinado a veículos elétricos menores e de baixa velocidade e tem autonomia de 70 quilômetros com a carga completa
![Carro eletrico senai abre portal](https://mobilidade.estadao.com.br/wp-content/uploads/2024/12/Carro-eletrico-senai-abre-portal.jpg.webp)
A bateria é o elemento do veículo elétrico que mais passa por pesquisas e desenvolvimento por parte da indústria automotiva, de empresas e instituições. A meta é encontrar a equação ideal entre densidade energética para estender a autonomia, menor peso e redução de custos, que poderia baratear os preços dos modelos.
Um estudo sobre bateria está em curso no Paraná, com o comando do Senai local e com a participação das empresas paranaenses Elo Componentes Eletroquímicos , eION (montadora de bugue elétrico) e Bianchini (fabricante de baterias). O projeto visa desenvolver bateria de chumbo-carbono com tecnologia 100% nacional, destinada a veículos de baixa velocidade.
Projeto da nova bateria em duas etapas
Sediado no Instituto Senai de Inovação em Eletroquímica, o projeto foi dividido em duas etapas. Na primeira, já concluída, as empresas desenvolveram a bateria com aditivos de carbono altamente tecnológicos, que oferecem maior capacidade e durabilidade em comparação às baterias tradicionais de chumbo-ácido, presentes nos carros com motor a combustão.
Com investimentos de R$ 2 milhões oriundos de um fundo de pesquisa do Senai, a segunda fase deverá terminar no fim de 2025. Ela consiste na aplicação do componente no modelo Buggy Power, produzido pela eION com materiais nacionais. Inicialmente equipado com baterias de íons de lítio, o Buggy Power elétrico recebeu adaptações estruturais e eletrônicas para acomodar o novo pacote de baterias.
“A fase 2 inclui a validação do sistema de gerenciamento de bateria (BMS) no veículo, a fim de monitorar carga e descarga, e a integração com os sistemas elétricos do Buggy”, afirma Heverson Renan de Freitas, líder técnico da área de smart energy do Instituto Senai de Inovaçao em Eletroquímica. “O carro tem servido como nossa plataforma de desenvolvimento.”
Leia também: 5 passos para instalação correta de carregadores para carros elétricos em condomínios
O veículo da eION foi colocado em testes de dinamômetro, avaliação necessária para comparar o desempenho entre os dois tipos de bateria. A de chumbo-carbono entrega autonomia menor, mas, segundo a avaliação, atende totalmente às demandas elétricas do Buggy Power, oferecendo uma solução econômica e sustentável.
Para Freitas, os resultados demonstram que a bateria de chumbo-carbono pode ser uma alternativa viável ao componente em substituição ao íon de lítio, fartamente usado nos automóveis elétricos vendidos no Brasil.
![](https://mobilidade.estadao.com.br/wp-content/uploads/2024/12/Bateria.jpeg-698x1024.webp)
Autonomia da bateria limitada
Mas ele faz ressalvas: “Não existe mágica. Há limitações técnicas porque o lítio tem mais densidade energética, garantindo autonomia superior”, destaca. Até agora, o alcance da bateria desenvolvida pelo Senai e parceiros é de 70 quilômetros com a carga completa. Outra desvantagem do pacote de bateria de chumbo-carbono é ser, atualmente, três vezes mais pesada que a de íon de lítio.
Em contrapartida, o benefício é o custo bem mais baixo. “Ainda não dá para cravar um valor antes de finalizar o desenvolvimento, porém, o custo do quillowat/hora equivale a 20% ou 30% ao da bateria de lítio”, diz.
Além disso, o chumbo-carbono é uma combinação madura para o mercado brasileiro, que já possui cadeia de fornecedores e linha produtiva bem estabelecida. A questão da reciclagem também é mais um apelo positivo.
“O chumbo é um material tóxico, mas pode ser facilmente purificado, com o reaproveitamento total na transformação de resíduos para uso nas lavouras e criação de novas ligas, por exemplo. Nesse aspecto, a reciclagem do lítio ainda se encontra em desenvolvimento”, aponta.
Leia também: Empresas brasileiras estão prontas para reciclar baterias
A vida útil da bateria de chumbo-carbono não é de oito a dez anos, como a de íon de lítio, mas sim de aproximadamente cinco anos, período suficiente para suprir as exigências do público-alvo. “Ela custará cerca de um terço do valor da bateria de lítio com metade do tempo de duração. Isso mostra que nossos estudos fazem todo o sentido”, salienta.
De acordo com o pesquisador, a bateria de chumbo-carbono terá 1.200 ciclos, ou seja, o número de vezes em que é descarregada e carregada até a capacidade total. Por enquanto, sua implementação será direcionada ao nicho de veículos pequenos e de baixa velocidade, como carrinhos de golfe, bicicletas e empilhadeiras elétricas.
Freitas explica que esse tipo de bateria já existia de forma bastante incipiente, com um campo muito amplo para ser aprimorado pelas pesquisas. Isso estimulou o Senai a formar um grupo técnico de 15 pessoas para levar adiante a tecnologia e viabilizá-la no segmento automotivo, entre outros.
“Nada impede que os avanços no desenvolvimento permitam que ela, futuramente, seja instalada em automóveis maiores”, revela. “Queremos tornar as inovações cada vez mais eficazes para garantir sua aplicação em escala industrial.”
Bateria de chumbo-carbono
- 70 km de autonomia
- kWh de 20% a 30% do valor do kWh da bateria de lítio
- Vida útil de 5 anos ou 1.200 ciclos
E-Wolf faz parceria com a chinesa Zeekr
![](https://mobilidade.estadao.com.br/wp-content/uploads/2024/12/D6-Planeta-submateia.jpg-1024x512.webp)
A E-Wolf, empresa de soluções de eletromobildade, anunciou uma parceria com a fabricante chinesa de automóveis elétricos premium Zeekr, recém-chegada ao Brasil.
A companhia fornecerá carregadores, infraestrutura, equipamentos e serviços de pós-venda aos clientes que comprarem os carros da marca. A montadora iniciou suas operações no País em agosto, com os lançamentos dos modelos Zeekr 001 e Zeekr X.
Com a iniciativa, a E-Wolf segue apostando na estratégia de se juntar a grandes marcas nacionais e internacionais com o intuito de expandir e desenvolver a eletromobilidade brasileira.
Em 2024, ela sacramentou acordos, por exemplo, com BYD e Raízen Power, uma das maiores comercializadoras de energia nacional.
“O plano é continuar ampliando nossa rede de parceiros para seguirmos avançando nesse setor, sem perder de vista a tendência de crescimento do mercado de veículos eletrificados”, afirma Thiago Castilha, diretor de marketing da E-Wolf.
Quer uma navegação personalizada?
Cadastre-se aqui
0 Comentários