A Secretaria de Infraestrutura de Minas Gerais respondeu em nota, que o aumento é equivalente ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de março de 2024 a março de 2025. O reajuste está previsto, portanto, na cláusula 11 do contrato de concessão.

Histórico do aumento da tarifa do metrô de BH

O preço da passagem de metrô em Belo Horizonte subiu 222% nos últimos seis anos. A tarifa estava estacionada em R$ 1,80 havia mais de uma década. Então, em 2019, a Justiça Federal autorizou um reajuste de 88%, ainda durante gestão da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU). O aumento de forma escalonada foi realizado em seis partes em um intervalo de 10 meses até chegar, portanto, a R$ 4,25.

A nova tarifa entra em vigor em meio ao calendário de obras que prevê alteração no funcionamento da Linha 1, a partir de 28 de junho. Os passageiros terão que fazer baldeação na estação Horto, na zona leste, nos dois sentidos e em horário de pico. Além disso, aos finais de semana e fora do horário de pico nos dias de semana, o intervalo entre os trens será de 24 minutos. Também, durante os horários de picos em dias úteis, na estação Santa Tereza, só uma via estará em funcionamento para os dois sentidos.

Aumento da tarifa em tão pouco tempo é ‘erro de concepção’

Para o especialista em transporte público André Veloso, doutor em economia pela UFMG, repassar o aumento dos custos aos usuários é desconsiderar como funciona o sistema metroferroviário. “O sistema não vai se pagar só com as tarifas dos passageiros, ainda mais considerando que o metrô de BH é tão pequeno. Mesmo com aumento da capacidade operacional com a Linha 2, não vai chegar a um pico onde a tarifa seja suficiente para pagar o sistema”, explica Veloso.

“É um erro de concepção, porque você perde usuários. A demanda era de 250 mil passageiros quando a tarifa era R$ 1,80, agora são 100 mil. E, pelo jeito, vão continuar apostando nesse erro”, diz.

Número de passageiros está em queda, mostram os dados mais recentes

De 2013 para 2022, a quantidade anual de passageiros transportados caiu 72% – de 64,9 milhões para 18,1 milhões, conforme relatórios públicos de gestão da CBTU, responsável pela administração do sistema naquele ano.

A concessionária Metrô BH divulga em seu site que atende 100 mil usuários mensalmente. Mas, de acordo com um relatório da própria empresa, de janeiro de 2025, o número de passageiros mensais em dias úteis foi de 74,1 mil naquele mês. No mesmo período do ano passado, foram 79,4 mil passageiros em dias úteis. Na nota que divulgou o aumento, a empresa afirma que “com a conclusão das obras, a expectativa é de que o Metrô da RMBH passe a transportar uma média diária de 223 mil passageiros, sendo 157 mil na Linha 1 e 56 mil na Linha 2”.

Além da tarifa cobrada aos passageiros, ela recebe uma remuneração por pessoa transportada de R$ 3,25 (em valores referentes a março de 2021) pagos pelo governo estadual, como previsto, portanto, em contrato.

Sobre o metrô de BH

O sistema tem 28,1 km de extensão percorridos, em média, em 47 minutos. Conta com só uma linha, ligando os terminais intermodais de Vilarinhos, em Belo Horizonte, e Eldorado, em Contagem. Há, além disso, outros quatro terminais de intergração com ônibus ao longo dos trilhos. Estão em curso as obras para criação da Linha 2, do bairro Nova Suíssa, na zona oeste, até o Barreiro, com previsão de inauguração em 2028. Além disso, ele está desde 2023 sob concessão para a empresa do Grupo Comporte com prazo de 30 anos.