As bicicletas, elétricas ou não, estão em alta em todo o mundo. Antes vistas como uma forma de baixo impacto ambiental para se locomover nas cidades, ganharam status de meio de transporte seguro e saudável durante a pandemia. As vendas das bikes cresceram em todo o mundo em 2020 e os especialistas apostam que o modal deve conquistar ainda mais pessoas.
Em 2020, a produção de bicicletas convencionais chegou a 3,8 milhões de unidades e foram vendidas mais de 32 mil e-bikes no Brasil, segundo dados da Aliança Bike. Até mesmo nos Estados Unidos, país conhecido por sua paixão pelos carros grandes e “poluidores”, as vendas de e-bikes cresceram 145% no ano passado, segundo dados do grupo NPD, especializado em pesquisas de mercado.
De olho nesse mercado que não para de crescer e também no futuro da mobilidade, diversas empresas estão criando soluções inovadoras para tornar o ato de pedalar mais seguro, eficiente e até mais fácil.
A ideia de instalar freios ABS em bicicletas não é assim tão nova. Afinal, quem nunca caiu ao travar as rodas enquanto pedalava? Para evitar esse tipo de acidente, a empresa italiana Blubrake criou um sistema antitravamento para o freio das e-bikes.
A tecnologia foi apresentada como inovação na Consumer Eletronic Show 2020, realizada em Las Vegas, no início do ano passado. Mas já está disponível na nova linha de bicicletas elétricas da Bianchi, outra marca italiana que acabou de desembarcar no Brasil.
O objetivo do ABS da Blubrake é facilitar o uso de bikes elétrica, garantindo níveis de segurança comparáveis aos de outros veículos automotores. O sistema está totalmente integrado ao quadro e permite que o design e as escolhas estilísticas do fabricante sejam preservados, como fez a Bianchi.
O princípio de funcionamento do ABS da Blubrake é o mesmo dos automóveis: há sensores para detectar a iminência do travamento das rodas e aliviar a pressão no freio para evitar que a roda trave. Uma roda mesmo, uma vez que o ABS da Blubrake atua apenas na dianteira.
Isso porque, em frenagens bruscas, a aderência na roda traseira das bicicletas é praticamente nula, segundo a empresa. Evitar o travamento da roda dianteira já é suficiente para manter o controle da bicicleta. Por isso, há apenas um sensor de velocidade e os dados são coletados por meio de um sensor de medição inercial de seis eixos integrado à central eletrônica do sistema.
Os dados são utilizados para avaliar o comportamento da bicicleta, como velocidade e até inclinação do piso. Com base nessas informações, um atuador elétrico altera a pressão das pastilhas contra o disco durante as frenagens.
Por isso, e também para alimentar a central eletrônica, a bicicleta com ABS é obrigatoriamente elétrica. Entretanto, segundo a fabricante, pode ser adaptada uma pequena bateria para utilizar o sistema em bicicletas convencionais.
O crescimento do uso de bicicletas fez com que o ciclismo deixasse de ser apenas um esporte para os mais aficionados e se tornasse também um meio de transporte. Na hora de escolher a bicicleta ideal para pedalar na cidade, muitos procuram conforto e praticidade. É justamente aí que entram os câmbios automáticos.
Voltados mais para o uso urbano, existem dois tipos de câmbio automático para bicicletas. Os mais comuns são montados no cubo da roda traseira e usam o mesmo princípio dos câmbios automáticos dos carros.
Nesse tipo de câmbio, o sistema de engrenagens planetárias instalado no cubo traseiro ocupa menos espaço e garante mais relações em comparação com as clássicas coroas dentadas. Com esse sistema, a troca de marchas é mais suave que um câmbio mecânico, mas ainda assim é possível perceber, nas pedaladas, a diferença entre uma marcha e outra.
Uma das vantagens é poder mudar manualmente, mesmo quando se está parado e em aclives, sem forçar as pernas e a transmissão. Outro benefício é que as engrenagens são seladas dentro do cubo, o que protege contra sujeira e impactos, reduzindo o desgaste.
Na prática, significa que, além de não ter de mudar de marcha, não há o risco de sujar as calças devido à corrente, que pode ser totalmente coberta por um invólucro ou substituída por uma correia dentada, como no modelo Issimo, da também italiana Fantic, que usa o Shimano Nexus.
Mas também existe a transmissão CVT para bikes, muito semelhante à encontrada nas scooters. Esse tipo de câmbio utiliza um sistema de correias apoiadas em polias cônicas. Dependendo da velocidade, o sistema de polias varia a relação de marchas de acordo com a forma de pedalar, garantindo eficiência em diversas situações.
O sistema CVT permite que você tenha relações de marchas, teoricamente, infinitas, o que torna as mudanças contínuas e imperceptíveis durante a pedalada. A grande vantagem aparece sobretudo na cidade, em que o “para e anda” prevalece sobre o pedalar a todo gás. Entretanto, as dimensões nem sempre permitem instalar a caixa de velocidades CVT na parte traseira do quadro.
Outra empresa italiana, a HiRide, com experiência no desenvolvimento de suspensões para motos off-road, surpreendeu a todos no Tour de France 2018, quando equipou as bicicletas do time Sky Pinarello com amortecedores “inteligentes”.
Chamada de a primeira suspensão eletrônica para bicicletas de estrada, as aplicações para a suspensão inteligente adaptativa de resistência (Esas) da HiRide são das mais variadas.
Projetada para adaptar o amortecimento em tempo real em resposta às mudanças nas condições da estrada (ou trilha), é capaz de absorver as imperfeições do piso quando a estrada fica ruim e, em seguida, retornar automaticamente a uma configuração totalmente rígida para pisos mais suaves.
Em uma subida, por exemplo, o sistema endurece os amortecedores para obter rigidez do quadro. Quando você pedala na terra ou em paralelepípedo, a parte de trás mais flexível permite que a roda traseira fique plantada no solo para manter a estabilidade, enquanto absorve os impactos e evita que atinjam o ciclista.
O sistema é composto por uma suspensão eletro-hidráulica e uma unidade de controle (smart battery pack), que inclui diversos sensores. O Esas também possui uma interface para permitir a conexão com outros dispositivos, como smartphone e ciclocomputadores, por meio de Bluetooth.
Recentemente, a Smart Tire Company, que fabrica os pneus dos veículos lunares da Nasa, resolveu aplicar a tecnologia para criar um pneu de bicicletas que nunca fura.
Originalmente inventado pela Nasa para uso em missões lunares e nos jipes que foram à Marte, o pneu SMA é feito de materiais avançados e leves conhecidos como NiTinol +. A trama criada pelo composto é elástica como a borracha, mas resistente como o titânio.
Mesmo em obstáculos pontiagudos, o pneu se deforma, mas retoma sua forma perfeita sem nunca ficar vazio, uma vez que não há ar em seu interior.
Batizados de Metl, os pneus, além de não esvaziarem, são ecológicos, utilizando materiais de longa duração que reduzem o desperdício de borracha. Por enquanto, a empresa apresentou apenas o protótipo dos pneus, mas promete que, em 2022, eles devem chegar ao mercado.