Aos menos avisados o título deste artigo enseja indagações do tipo: Há algo mais necessário do que conectividade? Como alguém pode duvidar e questionar a necessidade de estarmos permanentemente conectados. A provocação é proposital, a fim de chamar a atenção para as infraestruturas necessárias antes que os serviços, tão essenciais na contemporaneidade, cheguem até os usuários.
Não estou questionando a conectividade em si, um ativo estratégico para pessoas, empresas e para o país, mas questiono o que é imprescindível que seja feito, a fim de que possamos desfrutar dos benefícios advindos dessa modernidade e bem comum.
Nestes meses de distanciamento social, causado pela Covid-19, o acesso ao trabalho, a interação social, as aulas, o comércio, foram propiciadas eletronicamente pelas redes de comunicação, que integraram pessoas e “coisas”, mantendo o mínimo de atividade possível em um momento tão difícil da humanidade. Entretanto, quando friamente fazemos a análise dos números, identificamos que apenas uma parcela de afortunados têm o privilégio de desfrutar das beneficies de uma conexão adequada, e outros, mais de 70 milhões de cidadãos brasileiros ficaram à margem e não puderam contar com essa alternativa.
Ao tornar visível e escancarar o impacto da segregação digital sobre a vida das pessoas comuns, a pandemia também deixou claro porque a conectividade é um ativo estratégico e uma essencialidade no mundo atual. Sem ela, o crescimento econômico e o desenvolvimento social ficam comprometidos e as desigualdades se acentuam.
Uma das alavancas para catapultar a nação a outros patamares de desenvolvimento, desejado por todos, é a ampliação das redes e a melhoria da qualidade da conexão, a outra é a disponibilidade energética. Sem esses elementos nenhum país conseguirá se desenvolver adequadamente.
Chegamos aos questionamentos aludidos no início do texto. O Brasil tem aproximadamente 100 mil antenas de retransmissão instaladas e 4 mil pedidos estão aguardando aprovação para serem instalados, e você deve estar se perguntando, mas porque não liberam para instalação?
As autorizações para a instalação dessas infraestruturas necessárias a ampliação e melhoria da qualidade dos serviços é atribuição dos municípios, que têm que aprovar legislações que permitam a instalação das infraestruturas, antenas e rádio bases. Ocorre que além de não autorizarem, muitas das legislações são restritivas e impedem a instalação das infraestruturas. Esse é motivo primordial do não avanço da conexão no nosso país e das consequências advindas desta falta de visão estratégica.
É óbvio e até fácil identificarmos os benefícios gerados pelas novas tecnologias: telemedicina – redução nos atendimentos das unidades de emergência dos casos rotineiros; cidades inteligentes – melhoria da mobilidade urbana; gestão eficiente dos recursos; democracia participativa; teletrabalho – melhor qualidade de vida aos trabalhadores; aumento da produtividade; indústria 4.0 – melhoria da manufatura e eficiência dos processos, enfim, possibilidades inúmeras e as quais a criatividade não encontra barreiras, porém, tudo dependente de conexão e de sua qualidade.
É premente agirmos rápido e os motivos revelam essa urgência: autorizando a instalação das infraestruturas, há a liberação investimentos e geração de empregos, tão necessários em quaisquer momento; a partir da construção da infraestrutura se distribui o fluxo, possibilitando àqueles que não tem acesso passarem a ter; com acesso dinamiza-se a cadeia de desenvolvimento de aplicações que poderão serem ofertadas a mais pessoas, ou seja, é um ciclo virtuoso de desenvolvimento, inclusão digital, investimentos, empregos e ampliação da melhoria da qualidade de vida dos cidadãos, das cidades e do País.