Motoristas mais experientes já ouviram falar da “banguela”, método popular para economizar combustível ao deixar o carro com o câmbio em ponto morto na descida de um trecho. Atualmente, o coasting (navegando, em tradução livre) é uma função que cumpre a mesma tarefa de forma segura.
A chamada ‘banguela’ era perigosa porque superaquecia os freios, diminuindo a eficiência dos mesmos. Automóveis com motores dois tempos (como o DKW, no Brasil) possuíam um sistema chamado roda livre, que simulava a banguela de forma mecânica e segura, mas a ideia não vingou.
Há alguns anos, porém, por conta da preocupação ambiental, as montadoras retomaram o princípio da roda livre e, graças à eletrônica, desenvolveram um sistema capaz de desacoplar o câmbio do motor em determinadas situações, permitindo que o carro rode apenas pela inércia, mas sem correr riscos – a chamada função coasting.
“A função coasting já possui duas gerações disponíveis no Brasil; a primeira, que ficou conhecida como ‘banguela eletrônica’, apenas desacopla o câmbio do motor, fazendo com que o carro siga rodando como se estivesse em [ponto] neutro”, afirma Flavio Guzmán, especialista de marketing de produto da Mercedes-Benz do Brasil.
“Já a nova geração, presente no novo Mercedes-Benz C 300, por exemplo, não só libera o câmbio do motor como o desativa totalmente, proporcionando economia de combustível ainda maior”, esclarece Guzmán.
“Uma grande vantagem do novo sistema é que, mesmo com o motor desligado, equipamentos como o ar-condicionado seguem funcionando, pois têm acionamento elétrico e são alimentados pela bateria de 48V do conjunto híbrido leve.”
Outra vantagem da nova geração da função coasting está relacionada ao conforto dos ocupantes. Antes, ao acelerar, o motorista percebia um solavanco quando o câmbio era engrenado (como ocorre ao se tentar fazer o carro ‘pegar no tranco’).
Isso não ocorre nos automóveis com o novo sistema, pois a central eletrônica do carro está sempre monitorando a rotação do motor e faz ajustes para que ele volte a funcionar sempre da forma mais suave possível.
Flavio Guzmán afirma ainda que o coasting tem funcionamento automático, ou seja, não é possível acioná-lo manualmente, e que atua preferencialmente em trechos rodoviários – ou em percursos que permitem velocidades de cruzeiro –, bastando tirar o pé do acelerador para o carro seguir rodando.
A função também pode ser usada em declives, mas a recomendação da fabricante é sempre utilizar o freio-motor, reduzindo uma marcha, nessa situação. Esse recurso é muito mais seguro e proporciona a mesma economia de combustível (além de garantir a carga da bateria de 48V, no caso dos veículos com conjunto motriz híbrido leve).
A economia de combustível e a redução de emissões proporcionadas pela função coasting dependem de diversos fatores, como o estilo de condução de cada motorista, a distância percorrida utilizando o recurso, a quantidade de aclives e declives etc. Mas é inegável que se trata de um importante aliado para aumentar a eficiência dos veículos dotados de motor de combustão interna.