Uma dúvida frequente dos consumidores diz respeito à mistura de combustíveis em carros flex. Algumas pessoas acreditam que usar gasolina e etanol juntos aumenta a eficiência do motor.
Mas, de acordo com Everton Silva, diretor de tendências tecnológicas da AEA – Associação de Engenharia Automotiva, isso não faz sentido: “Você acaba ficando na média e não usufrui da totalidade das vantagens de nenhum dos dois combustíveis.”
“A gasolina tem a vantagem de proporcionar maior autonomia, enquanto o etanol oferece um aproveitamento melhor da queima; então, acho mais recomendável escolher o combustível que atenda ao que você busca”, afirma. “Mas os motores flex foram projetados para utilizar os dois combustíveis e em qualquer proporção, então, pode misturar sem receio.”
O diretor da AEA faz outra recomendação aos proprietários de automóveis flex: conferir a ficha técnica do carro para saber a taxa de compressão do motor. “Motores de aspiração natural com taxa de compressão mais elevada têm maior eficiência térmica”, afirma.
“Quanto maior for a taxa, melhor o motor vai converter o combustível em trabalho, em energia cinética; quando o combustível tem uma octanagem menor, com a taxa de compressão maior, surgem os eventos de detonação (popularmente conhecido como ‘batida de pino’), e então o motor acaba corrigindo o avanço da ignição para se proteger, prejudicando a eficiência.”
“Como o etanol possui maior octanagem relativa do que a gasolina, ele aproveita muito mais a disponibilidade da taxa de compressão; já com a gasolina, que tem octanagem menor, o motor perde a eficiência. Assim, um motor que possui taxa de compressão em torno de 10:1 trabalha melhor com gasolina, enquanto um que possui taxa em torno de 13:1 (que já temos no mercado), terá melhor desempenho com etanol”, explica Silva.