Quem acompanha as novidades no mercado automotivo nacional já deve ter ouvido falar em carros equipados com sistemas híbridos leves. Mas o que é essa tecnologia e como ela ajuda a economizar combustível (e a reduzir emissões)?
Flavio Guzmán, especialista em marketing de produto da Mercedes-Benz do Brasil, explica.
“Atualmente, existem duas gerações de sistemas híbridos leves nos carros comercializados no Brasil. A primeira, que nós chamamos de BSG (Belt Starter Generator, ou alternador por correia, em tradução livre), possui uma correia ligando o motor ao alternador, que alimenta uma bateria de 48V, que por sua vez carrega a de 12V”, relata Guzmán.
Esse sistema proporciona maior eficiência por conta da potência extra entregue pela bateria (chamada de boost) em situações como ultrapassagens, por exemplo.
“Já a segunda geração possui o chamado ISG (Integrated Starter Generator), um componente instalado entre o eixo de saída da força do motor e o câmbio que traz como grande vantagem o fato de não utilizar correias”, afirma o especialista.
“Nesse sistema – que já está presente no novo Mercedes-Benz Classe C – bomba d’água e compressor do ar-condicionado são elétricos e alimentados pela bateria de 48V, ou seja, proporciona ainda mais economia, já que poupa o motor de acionar esses itens”. Além disso, foram eliminados o alternador e o motor de partida.
O resultado desse alívio de peso e de componentes a serem acionados é uma economia de combustível de aproximadamente 10%.
Tem mais: a nova geração de híbridos elétricos leves da Mercedes-Benz também possui um turbocompressor elétrico, que atua especificamente em baixas rotações, melhorando a resposta do motor nas acelerações e retomadas de velocidade, assim como o efeito boost mais potente (de até 27 cv no modelo C 300).
“O melhor é que essa potência extra sempre está disponível e, graças ao gerenciamento inteligente do motor, basta o motorista pisar um pouco mais fundo no acelerador para o boost entrar em ação”, explica Guzmán.
Ou seja, não é necessário realizar o kickdown (acionar o acelerador até o fim) para desfrutar da potência adicional.
Outras vantagens da nova geração de híbridos leves são o maior poder de recuperação de energia do sistema em frenagens e desacelerações – quando o sistema transforma a força das frenagens e o movimento das rodas em eletricidade para alimentar a bateria de 48V, a partida silenciosa (já que não existe motor de arranque) e a maior eficiência, mesmo com o motor em baixas rotações, graças ao turbo elétrico.
Considerado o primeiro nível de hibridização dos automóveis, o híbrido leve tem como principais diferenças em relação ao sistema híbrido convencional o fato de não contar com a possibilidade de trafegar somente no modo elétrico.
Mesmo assim, por conta da redução proporcionada no índice de emissões, os veículos com esse tipo de tecnologia (mesmo os de primeira geração) são classificados como híbridos no Brasil, e assim podem circular sem problema na cidade de São Paulo, que possui rodízio por motivos ambientais.