Uma das principais vantagens trazidas pela massificação do acesso à internet é a eliminação das distâncias físicas. Hoje, empresas vendem produtos para outros países e pessoas têm acesso a conteúdos produzidos nos mais diferentes locais.
Com essa evolução, aumenta a expectativa de que os serviços públicos também se adaptem e passem a ser oferecidos digitalmente. No Brasil, isso significa atender nas esferas federal, estadual e municipal a um público de cerca de 150 milhões de pessoas com acesso à internet – o que representa a quinta maior audiência global.
Inúmeros exemplos desse desenvolvimento de serviços digitais massificados surgiram com as inovações promovidas durante a pandemia de covid 19. Na área da saúde, vimos o desenvolvimento de carteiras digitais de vacinação, assim como o pagamento do auxílio emergencial via aplicativo e o lançamento do PIX impulsionaram a digitalização da área financeira.
Entre outras iniciativas desenvolvidas na última década, muitas possíveis devido à criação da plataforma gov.br, estão o processo automatizado de envio da Declaração de Imposto de Renda e a introdução de documentos digitais, tais como título de eleitor, registro no SUS, identidade e carteira de motorista (com o aplicativo da Carteira Digital de Trânsito). Esse último exemplo mostra de maneira prática como os órgãos públicos podem facilitar a vida dos condutores, e mesmo de quem não dirige, na medida em que promovem drástica redução de custos com a adoção de processos digitais.
E o que pode acontecer quando o estado atua como parceiro da iniciativa privada em prol das pessoas?
Uma resposta está no próprio PIX, ferramenta desenvolvida pelo Banco Central do Brasil e integrada com os órgãos bancários e financeiros que operam no País. O estado atua como regulador, garantindo o atendimento da população com isonomia e permitindo que as entidades privadas ajudem na divulgação do sistema ao ampliar o acesso em estruturas que já funcionam. Isso sem considerar o estímulo à competição entre instituições financeiras, que premia o usuário final com produtos mais baratos, confiáveis e refinados tecnologicamente.
Criando um paralelo, seria interessante e muito valioso para os mais de 75 milhões de motoristas brasileiros o desenvolvimento com as secretarias de trânsito de um banco de dados unificado e com normas gerais que possam assegurar uma competição saudável entre empresas de tecnologia, com o objetivo de oferecer o melhor serviço para cada motorista.
Assim, seria possível em um único aplicativo ter acesso aos documentos digitais (CNH, CRLV-e) atualizados e checar a sua pontuação de forma ágil. Podemos ir além e integrar opções de contratação de serviços como seguros, financiamento de veículos, de manutenção e até operações de compra e venda.
A abertura e compartilhamento de dados de forma segura e transparente, com a responsabilidade necessária no manejo dessas informações e plena observância da Lei Geral de Proteção de Dados, pode também impulsionar novos negócios e tornar esse segmento aberto a inovações, tal como o financeiro é hoje.
A eliminação de distâncias decorrentes da digitalização deve ser entendida para além da óbvia aproximação do prestador de serviços com seu público. É também uma oportunidade de eliminar processos burocráticos, por vezes desnecessariamente extensos e confusos. É, acima de tudo, a possibilidade de tomar decisões e exercer a cidadania de forma simples e direta.