Além das gigantes que operam o serviço de aplicativo de transporte (como 99 e Uber) que operam o serviço, há, pelo País afora, milhares de outras startups que, nos últimos anos, também passaram a oferecer essa modalidade à população de inúmeras cidades localizadas no interior do País.
Como revela um recente levantamento realizado pela Gaudium, startup focada nos mercados de mobilidade e logística, os chamados aplicativos de transporte locais que funcionam em regiões descentralizadas do Brasil movimentaram mais de R$ 900 milhões em 2022 – o que indica um crescimento de 38%, em relação ao ano anterior.
O estudo foi baseado em dados de aplicativos de transporte que usam a tecnologia da Machine, produto da Gaudium para criação de apps de transportes e entregas, presente em mais de 1.900 cidades no Brasil.
Embora essas startups apresentem tíquete médio relativamente baixo em relação aos valores cobrados nos grandes centros (confira no quadro abaixo), esses apps têm crescido de forma sustentável, pois se adaptaram à realidade e à necessidade de mobilidade de cada município. “Eles estão dominando o mercado da mobilidade no interior do País, principalmente em cidades de pequeno e médio porte”, explica Ricardo Goes, sócio executivo da Gaudium.
Pelo fato de serem liderados por empresários locais, eles também são importantes para fazer girar a economia nestas cidades. “O modelo descentralizado propicia que boa parte dos recursos financeiros fique na própria região, já que uma parte do valor da corrida vai para o próprio motorista, e a outra, para uma empresa local. Além dos impostos recolhidos, que também ficam no município”, acrescenta Goes.
É evidente que a questão da regulamentação da profissão de motorista de aplicativo também deve impactar essas empresas. De acordo com Ricardo Goes, o atual modelo não está funcionando e precisa passar por uma revisão que busque maior equilíbrio entre as partes envolvidas.
“Acredito que as regras definidas pela CLT não são um solução. Para equilibrar esse sistema, é preciso levar em conta outras premissas, como os princípios da economia de serviços compartilhados”, avalia o executivo. Para isso, sugere, “deve-se ouvir representantes das grandes e pequenas empresas para se caminhos que atendam aos interesses dos trabalhadores”.
Sobre o fato de o ministro ter dito que, caso seja necessário, os Correios poderiam criar um novo aplicativo de transporte para atender a população, talvez a solução não seja tão simples como parece.
“Embora existam apps semelhantes geridos pelo Poder Público — um deles foi criado pela Prefeitura do Rio de Janeiro –, um empresa como os Correios não tem o mesmo espírito inovador de uma start up”, afirma Ricardo Goes. “É provável que esse app se tornasse carente de inovação, de Inteligência Artifical, entre outras tecnologias. Eu não acredito que os Correios tenham interesse. Afinal, esse não é o core business da empresa.”
Leia também e entrevista com Cristina Albuquerque, gerente de mobilidade urbana do WRI Brasil. “Aplicativos de transporte devem complementar a estrutura de mobilidade das cidades”
Onde atua: 100 cidades de 13 Estados como Rondônia, Amazonas, Roraima, Pará, Maranhão, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Ceará, Pernambuco, Minas Gerais e Santa Catarina.
Corridas por mês: 2,5 milhões
Motoristas cadastrados: 22.000
Quando começou a operar: 2018
Ticket médio: N/I
Quantidade de downloads: N/I
Onde atua: São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Goiás. Tem como principal polo a região noroeste do Estado de São Paulo. O maior número de corridas se concentra nas regiões de Fernandópolis, Votuporanga e Araçatuba
Corridas por mês: 83 mil
Motoristas cadastrados: cerca de 900
Começou a operar em: 2019
Ticket médio: R$ 14, que pode ser maior dependendo da região, uma vez que a empresa acompanha de perto os custos do motorista parceiro de cada região
Downloads e passageiros: cerca de 150.000 passageiros cadastrados. Média de 3.500 downloads mensais
Onde atua: 34 cidades dos Estados de Piauí, Ceará, Maranhão, Bahia, Minas Gerais, Tocantins, São Paulo, Rio Grande do Sul e Goiás
Corridas por mês: 197 mil
Motoristas ativos: 2.503
Começou a operar em: 2018
Ticket médio: R$ 17,81
Estados ou cidades onde atua: Nova Mutum e Lucas do Rio Verde (MT), Erechim e Uruguaiana (RS) e Francisco Beltrão (PR)
Corridas por mês: 128 mil
Motoristas cadastrados: 851
Começou a operar em: 2019
Ticket médio: R$14
Downloads: 98.000
Onde atua: principais cidades: Araçatuba, Bauru, Sabino, Getulina, Avanhandava, Cafelândia, Guaiçara, Lins, Penápolis e Promissão (SP). Castro e Ponta Grossa (PR). Ananindeua, Belém e Marituba (PA)
Corridas por mês: 78 mil
Motoristas ativos: 672
Quando começou a operar: 2019
Ticket médio: R$ 13,50
Downloads: mais de 70.000
Onde atua: Cachoeira do Sul e Venâncio Aires (RS)
Corridas por mês: 50.000
Motoristas cadastrados: 126
Quando começou a operar: 2020
Ticket médio: R$ 12,50
Downloads: 22.000
Onde atua: São Miguel do Oeste, Itapoá e Barra Velha (SC) e Curitiba, Francisco Beltrão e Pato Branco (PR)
Corridas por mês: N/I
Motoristas cadastrados: N/I
Quando começou a operar: 2019
Ticket médio: R$ 19
Downloads: N/I
*N/I: dados não informados