Bateria do carro elétrico requer atenção especial
Embora seja bem protegido, componente exige alguns cuidados específicos para não sofrer danos
Com uma quantidade bem menor de partes móveis, em comparação ao automóvel com motor a combustão (na proporção de 50 contra 350), o veículo elétrico tem uma manutenção mais barata. Mesmo assim, o proprietário deve tomar alguns cuidados importantes, principalmente com a bateria, para deixar o carro sempre em ordem.
A composição com íons de lítio, a mais utilizada atualmente nas baterias, oferece combinação de alta densidade energética e vida útil longa, que vai de oito a dez anos. Depois, o componente parte para a chamada “segunda vida”. Na maioria dos modelos puramente elétricos, a bateria é instalada na parte inferior do veículo, abaixo do assoalho, local estratégico que ajuda a melhorar o centro de gravidade e a manter a estabilidade.
“Embora o conjunto seja protegido por um invólucro resistente e vedado contra penetração de água, o motorista deve evitar impactos mais severos, como batidas em guias, lombadas e outros obstáculos”, afirma Zeno Nadal, head da GreenV Academy, centro de ensino online da GreenV, empresa de soluções de mobilidade.
“Tubulações de sistemas de refrigeração líquida – que variam de acordo com o modelo da bateria –, chicotes e conectores elétricos são os pontos mais críticos. O forte impacto direto nessas áreas irá desligar as partes energizadas para evitar fuga de energia.”
Capacitação
Mas Nadal explica que a avaliação de um possível dano e os reparos necessários devem ser feitos por profissionais qualificados para trabalhar em baterias de alta tensão, seguindo normas de segurança. Tais procedimentos são estabelecidos pelos fabricantes dos veículos, com treinamento especializado para as equipes das concessionárias.
Encontrar profissionais altamente capacitados ainda é um problema no Brasil. “A frota de carros elétricos vem aumentando a cada ano no País, mais não há tantas oficinas para reparar veículos elétricos, que são modelos específicos”, diz Nadal. “As próprias concessionárias ainda passam por programas de treinamento; por isso, existe carência na mão de obra.”
Nadal relembra uma experiência que ele mesmo viveu: “Certa vez, levei meu carro elétrico, que estava com um problema, à oficina da concessionária, e ela não sabia o que fazer. Entrei em contato com a fabricante, que ajudou a resolver”.
Sobre as águas
Normas técnicas determinam que todas as conexões elétricas dos automóveis precisam ter proteção para impedir a entrada de líquidos em partes energizadas para que a segurança seja total. Assim, ao contrário do cisma de muita gente, o carro movido a bateria pode ser lavado como qualquer outro, sem riscos para a integridade dos componentes. E também é possível carregá-lo sob a chuva, caso a estação de recarga não possua cobertura.
“De toda forma, é prudente tomar cuidado ao passar em áreas inundadas. Embora testes dos fabricantes comprovem que a estanqueidade dos sistemas elétricos, inclusive com submersão completa, é eficiente e segura, é melhor evitar essas situações, principalmente em faixas de rua à beira da praia, onde pode haver poças de água do mar”, diz Nadal.
Ele dá o exemplo vindo dos Estados Unidos para fugir de vias alagadas. “Em cidades com incidência de furacões, muitos sais se misturam à água e causam oxidação severa. Em alguns casos, há fuga de corrente elétrica nos carros que pode afetar o conjunto da bateria”, afirma.
Existem, também, atitudes simples para preservar a bateria do automóvel elétrico. Segundo Nadal, estudos mostram o aumento na vida útil do componente quando a energia armazenada é mantida entre 20% e 80% da capacidade total. Portanto, o usuário deve evitar descargas profundas e o carregamento até a capacidade máxima das células.
“A bateria é gerenciada por um sistema eletrônico, programado para proteger as células e evitar limites extremos de carga e descarga”, destaca Nadal. Em geral, o sistema retém uma determinada quantidade de energia, impedindo que toda a carga seja utilizada. “Se uma bateria tem, por exemplo, 55 kWh, será possível usar 52 kWh. A diferença permanece armazenada, protegendo as células de uma descarga completa.
Tipo de recarga
No extremo oposto, a bateria pode sofrer aquecimento ao se aproximar de sua capacidade máxima. “O sistema de gerenciamento atua para impedir o estresse da bateria”, explica. O painel do carro elétrico sempre indica a capacidade do componente. Para o executivo da GreenV, mantê-la entre 20% e 80% ajuda a preservá-lo.
O tipo de recarga igualmente influencia a vida útil da bateria. De acordo com Nadal, o desgaste é maior quando se faz a recarga em potências mais elevadas. Além disso, condições extremas de temperatura – muito frio ou calor – reduzem a capacidade plena de armazenamento, o que é notado pela queda de autonomia do veículo.
Dessa forma, o mais indicado é realizar cargas com potências menores, utilizando carregadores portáteis ou Wallbox doméstico, geralmente entre 3,6 kW e 7kW.
Muitas rodovias brasileiras já dispõem de pontos de recarga rápida (50 kW) e ultrarrápida (acima de 150 kW). Nas viagens, porém, o procedimento do usuário deve ser diferente, deixando a bateria totalmente carregada. Nadal alerta: “A demanda é estabelecida pelo controlador de cada veículo. Ou seja, nem sempre o automóvel terá capacidade de utilizar a potência máxima oferecida pela estação de recarga”.
Para saber mais sobre eletromobilidade, acesse o canal Planeta Elétrico
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