O 2º Fórum eVTOL, realizado ontem (23 de maio) em São Paulo, contou com carros voadores chineses prontos para voar, aguardando apenas o lançamento da legislação da ANAC para cortar os céus no País. Os veículos desenvolvidos por empresas e pesquisadores brasileiros, por outro lado, podem já ter saído do chão, mas ainda se encontram em fase de testes.
Em entrevista ao Estadão Mobilidade, diferentes fabricantes e importadores falaram sobre as capacidades de seus veículos e fizeram previsões sobre os eVTOLS (sigla em inglês para veículo elétrico de pouso e decolagem vertical) no Brasil.
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A Gohobby, uma empresa brasileira que importa e distribui de drones, fechou acordo com a chinesa EHang para vender o eVTOL EHang 216-S no Brasil.
Jeovan Alencar, gerente técnico comercial da Gohobby, ressalta que o modelo “já voa na China, tem 40 mil voos sem nenhum acidente e é homologado no país, lá qualquer pessoa pode comprar um ou fazer voo com ele”.
O veículo suporta transportar até 620 kg, tendo espaço para dois passageiros em sua cabine e um porta-malas para bagagens. Ao mesmo tempo, a nave não exige piloto, já que é comandada a distância. “O eVTOL executa o voo do jeito que você programou. Da terra, um controlador pode modificar, pedir retorno ou mudar o trajeto para outro lugar”, afirma Alencar.
A distância máxima possível é de 30 km e a velocidade pode chegar a 130 km/h. Sendo assim, o plano é oferecer serviço de táxi aéreo. Segundo Alencar: “é um equipamento para mobilidade urbana, para você voar dentro da cidade”.
Por fim, o responsável pelo carro voador na Gohobby destaca que “esse equipamento já voa, só estamos aguardando autorização para começar”. A empresa já recebeu 20 encomendas desde o lançamento, há seis meses, e deve fornecer veículos para um projeto ainda em lançamento no estado de Santa Catarina e um condomínio aeronáutico próximo de Tatuí.
O eVTOL desenvolvido pela Polsec Aerospace é um projeto nacional sediado em Belo Horizonte e com apoio da Embraer. Renato Wener, CEO da empresa, destaca que “nossa plataforma tem uso de tecnologia brasileira no motor, isso dá competitividade e baixa o custo”.
Nos últimos oito meses, alunos de uma faculdade nacional também auxiliaram no projeto. “Tivemos um ganho gigante quando fizemos parceria com a Unifei (Universidade Federal do Itajubá). Essa parceria proporcionou o desenvolvimento acelerado do que temos hoje”, cita Wener.
Atualmente, o carro voador suporta transportar 100 kg durante uma hora de voo. Ao mesmo tempo, a aeronave pode carregar de 200 kg a 300 kg em uma altura e período de tempo menor. O eVTOL já saiu do chão em testes e conseguiu alcançar altura de 15 a 20 metros, ainda não se sabe a distância e velocidade máxima possíveis.
O veículo permite o transporte de um passageiro. Sendo assim, o destino e rota da viagem devem ser definidos antes do embarque, um controlador terrestre pode interferir e modificar o caminho caso necessário.
Wener destaca que “em um ano e meio ou dois anos esperamos ter o projeto pronto e homologado”. O veículo já teve 117 horas de voo teste e o objetivo é que neste prazo se cumpra a meta de 1000 horas.
A peculiaridade do veículo da Polsec frente a outros carros voadores está no fato do eVTOL ser multiutilitário. Sendo assim, além de transporte de passageiros, o veículo pode ser útil para resgates ou logística.
Sobre o tema, Wener exemplifica: “se uma vítima se machucou na cachoeira, o helicóptero não pode pousar e o período de caminhada do bombeiro pode representar risco de vida. Nosso eVTOL passa a ser uma solução viável, um militar vai embarcado pousaria em qualquer canto e levaria a vitima até um local seguro”.
Por fim, segundo os fabricantes, o modelo pode pousar em qualquer espaço que tenha 3 metros por 3 metros. Como o carro voador ainda não tem certificação, ainda não foram feitas vendas, mas a estimativa de preço é R$ 250 mil.
O Gênesis X1, em desenvolvimento pela Vertical Connect, é mais um dos projetos de carros voadores nacional. Dessa vez, o eVTOL conta com apoio do Banco do Nordeste e governo do Estado do Ceará.
Segundo Marco Versaghi, chefe da divisão de engelharia da Vertical Connect, o objetivo é criar um eVTOL com tecnologia brasileira. Sendo assim, o engenheiro afirma que “temos um possível fabricante nacional de motores, um brasileiro fabricante de hélices, a estrutura em fibra de carbono e alumínio aeronáutico é feito no Brasil. Por fim, a parte elétrica e de luzes de navegação também é nacional”.
No entanto, os instrumentos de navegação e os controladores dos oito motores são estrangeiros, uma vez que nenhuma empresa brasileira desenvolve essa tecnologia.
Atualmente, o veículo ainda não realizou nenhum voo teste, o primeiro é planejado em dois anos na cidade de Fortaleza. Sendo assim, se prevê que depois de pronto o eVTOL poderá transportar até 1 tonelada por 30 minutos e a velocidade máxima de 130 km/h, fazendo trajetos curtos dentro de uma cidade.
Os carros voadores deste modelo terão espaço para quatro pessoas e pode ser pilotado presencialmente ou do solo. Versaghi argumenta que “a cultura brasileira vai muitas vezes frear uma pessoa de entrar numa nave que voa sozinha, então o Gênesis pode ter piloto para os passageiros se sentirem seguros”.
Por fim, o eVTOL já recebeu intenção de compra de indivíduos interessados e governos de cidades, que desejam usar o carro voador para patrulhamento. Como ainda não está regulado, nenhum negócio foi fechado até o momento.