Chris e Julie Ramsei estão na estrada desde 30 de março passado, quando deram início a uma expedição inédita, partindo do Polo Norte geográfico com destino ao Polo Sul, na Antártica.
“Nosso objetivo é mostrar ao mundo ser possível fazer uma viagem como essa tendo como combustível apenas energia limpa. E, com isso, não emitir nenhum tipo de gás de efeito estufa”, disse o britânico Chris Ramsey, em entrevista dada nesta semana em uma vinha, localizada no Vale Casablanca, a cerca de 120 km de Santiago do Chile, por onde o casal passou antes de seguir viagem rumo à Argentina.
No total, ao término da aventura, entre um polo e outro, eles terão percorrido cerca de 28 mil quilômetros, passando por 15 países. A expedição Polo a Polo (Pole to Pole, em inglês) tem apoio de várias empresas, entre elas a Nissan, que cedeu um modelo Ariya com tração integral, que trabalha com dois motores elétricos ao mesmo tempo, um para cada eixo. No total, são 389 cv de potência.
Sendo assim, as baterias, de 87 kWh, oferecem autonomia de cerca de 430 quilômetros. Para suportar os vários desafios da viagem, o modelo usado pelo casal de aventureiros passou por algumas adaptações. A suspensão, por exemplo, teve que ser elevada para suportar as condições adversas da viagem.
Na carroceria, as caixas das rodas e para-lamas foram alargados para acomodar os pneus gigantes de 39 polegadas. Nos modelos de série, eles têm 19 ou 20 polegadas, a depender da versão. O Ariya ainda não é vendido na América do Sul, mas já é comercializado na Europa, Ásia e Estados Unidos.
Entre várias tecnologias inovadoras, e para não ficar sem energia nos locais mais inóspitos do planeta, o veículo transporta uma carretinha que contém uma unidade geradora de energia com uma pequena turbina eólica e painéis solares. “A ideia foi boa. Mas não encontramos os ventos que a gente esperava no Ártico”, confidenciou Chris.
Não foi a primeira aventura do casal com veículos elétricos. Em 2017, a bordo de um Leaf, de primeira geração, saindo de Londres e chegando no sudeste da Sibéria, eles percorreram 16 mil quilômetros, cruzaram 12 países em 56 dias e tornaram-se a primeira equipe a completar o tradicional Rali da Mongólia em um carro 100% movido a bateria.
Depois disso, em 2018, no Reino Unido, Chris obteve o recorde mundial, homologado pelo Guinness, da maior distância percorrida em 12 horas em uma bike elétrica: 286 quilômetros.
Uma viagem desafiadora como essa, que cruza por países e estradas diferentes, claro, exige muito planejamento e também oferece um aprendizado enorme na condução de um veículo totalmente elétrico. “No Equador, por exemplo, onde há muitas montanhas, nas descidas, conseguimos recuperar boa parte da autonomia perdida nas subidas”, lembra Chris.
Além disso, eles encontraram alguns locais com infraestrutura da mobilidade elétrica mais desenvolvida, como nos Estados Unidos, Canadá e Costa Rica. Chris também elogiou iniciativas de países sul-americanos, como Colômbia e Chile, que estão investindo em eletrificação no transporte público. Mas ainda é preciso evoluir muito para que tenhamos uma situação mais favorável. Para ele, é fundamental que os governos apoiem iniciativas relacionadas à transição energética. “É essencial oferecer o suporte para quem queira mudar seus hábitos de transporte”, completa.
Dirigir por lugares inóspitos, ficar cerca de 12 horas por dia dentro do carro (às vezes, até criando conflitos entre o casal), ter que resolver imprevistos e, claro, correr alguns riscos foi uma forma encontrada por esses dois entusiastas da eletrificação para inspirar outras pessoas a fazerem o mesmo. “Esperamos que a nossa experiência ajude a tornar o mundo melhor e mais limpo. Queremos deixar esse legado. A mobilidade do futuro é elétrica”, conclui.
* Jornalista viajou a Santiago do Chile a convite da Nissan
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