Maior fabricante independente de motores, a Cummins tem diversificado sua área de atuação, num processo de transição tecnológica em ritmo acelerado para ser uma peça importante na construção de um futuro ambiental mais limpo.
Os caminhos que a empresa global de origem norte-americana está percorrendo para alcançar seus objetivos estão dentro da estratégia de sustentabilidade chamada mundialmente de Planeta 2050.
Embora seja um movimento amplo, que envolve também as operações e centros técnicos, o plano tem como um dos seus pilares o Destino ao Zero, ou seja a adoção de tecnologias mais limpas em seus produtos e que serão de grande importância para o processo de descarbonização de veículos comerciais no Brasil e em todos os países onde a marca está presente.
O gerente executivo de projetos Euro VI da Cummins, André Garcia, explica que uma das principais bases do Destino ao Zero é reduzir emissões de gases como o óxido de nitrogênio (Nox) de maneira ampla e com a geração de impacto ambiental em toda a cadeia: desde a extração do petróleo, passando pela fabricação dos componentes, pelo tratamento térmico, alcançando a montagem, e a aplicação do produto no mercado.
O projeto para ajudar a construir um futuro mais “verde”, aliás, vai além dos muros da Cummins. Conforme Garcia, o objetivo é ser essencial para o setor automotivo se mover rumo a um cenário de descarbonização e à redução a zero das emissões de poluentes. Seja no on road ou no off road.
O engajamento ambiental da companhia iniciou antes mesmo da criação do Planeta 2050 e do Destino ao Zero que foi dividido em três etapas (vejaquadro abaixo). Os motores que atendem a fase 8 do Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores, o Proconve P8, equivalente ao Euro VI na Europa, são os primeiros frutos de uma conduta ambiental acertada. Os propulsores Euro VI da Cummins reduzem em até 70% o volume de emissões de NOX na comparação com os que atendem à legislação P7/Euro V.
Conforme o gerente comercial da Cummins Emissions, Daniel Malaman, os primeiros passos já foram dados há alguns anos, mas agora a companhia resolveu nomear esse plano que tem como objetivo eliminar as emissões de combustíveis fósseis até 2050”.
O fato é que, desde 2014, quando o Euro VI passou a valer na Europa, a Cummins começou a se preparar para a fase 8 do Proconve no Brasil que ocorreria alguns anos depois. Para tanto, a divisão de negócios Cummins Emission Solutions, ou simplesmente CES, criou um sistema de pós-tratamento especialmente para o mercado brasileiro.
De acordo com Malaman, ele é 60% menor e 40% mais leve do que outros que atendem ao mesmo nível de emissões. Ou seja, traz mais vantagens para montadoras e para os frotistas porque é mais eficiente e flexível, compacto e de baixo peso.
Por ser mais leve, contribui para que o veículo possa ter mais capacidade de carga. Além disso, seu sistema em módulo facilita a manutenção. São quatro módulos: catalisador de oxidação de partículas (DOC), filtro de particulados derivados do diesel (DPF), misturador de gases e partículas (mixer) e o catalisador de redução de NOx (SCR).
Conforme Daniel Malaman, o risco de contaminação do filtro de particulados derivados do diesel ainda é alto no Brasil, pois há muitos locais que ainda não oferecem um diesel com menos enxofre, o S10, e, por isso, é importante um sistema modular para não precisar trocar todos os componentes quando ocorre a contaminação, por exemplo.
“Assim, o frotista só precisa fazer a troca do módulo do DPF não do sistema completo como ocorre hoje nos motores Euro V”, explica. Ou seja, a manutenção fica mais simples e menos cara.
Para implementar o sistema de pós-tratamento e a plataforma de motores Euro VI em sua fábrica em Guarulhos, na grande São Paulo, a companhia investiu R$ 170 milhões.
A plataforma de motores Euro VI da Cummins trouxe avanço significativos. Isso porque a família de propulsores agora conta com um novo sistema de calibração para melhorar a eficiência e garantir o controle emissões que é realizado por meio da atualização da eletrônica embarcada.
Segundo André Garcia, o motor Euro VI traz duas grandes vantagens: o nível de emissão de gases é bem menor e a durabilidade do sistema é bem maior que os motores da fase Euro V, isso significa que o sistema garante baixa emissão de poluentes até o fim da vida útil do motor.
No fim das contas, além de adotar uma solução menos impactante para o meio ambiente, o que tem peso positivo para o negócio, o transportador passa a contar com caminhões cujos motores possuem eletrônica inteligente que se antecipa as falhas, evitando paradas desnecessárias e garantindo mais eficiência à operação.
A Cummins avançará ainda mais para aprimorar a sua tecnologia de motores Euro VI no Brasil nos próximos anos. E para além da redução de Nox e de outros gases poluentes em seus motores diesel, a companhia já se preparara para avançar com outras soluções alternativas ao combustível fóssil por aqui e no mundo. Isso porque a Cummins quer ser uma referência no crescimento global de veículos elétricos, a gás e dos movidos a hidrogênio.
Contudo, o posicionamento da companhia é consciente em relação a necessidade de diversificar. Afinal, a jornada de descarbonização dos veículos pesados não dependerá apenas de uma matriz energética.
1° passo: acelerar as soluções que já existem hoje
Nesta etapa, a Cummins vai implementar tecnologias que reduzem os principais gases poluentes como o Nox, CO2 e o metano. Além disso, trabalha em conjunto com os clientes para criar tecnologias que ajudam na regulamentação das emissões e aceleram o desenvolvimento de novas tecnologias.
2° passo – tecnologias começando a competir
Ainda haverá uma preferência pelo diesel em função de todo o legado que o diesel e o gás natural têm no mercado, mas há o aumento das aplicações das novas tecnologias. A rede de suprimentos começará a ganhar escala e aumentar e as novas infraestruturas começarão a ser implementadas.
3° passo – soluções de emissões zero amplamente disponíveis
À essa altura haverá uma rede renovável e uma infraestrutura de hidrogênio mais madura. Além disso, novas tecnologias zero ou de baixo carbono já existirão e em mais escala.