Elétricos: o futuro vai nessa direção

Admirador dos esportivos, cineasta se rendeu à tecnologia dos elétricos para mobilidade, especialmente nos centros urbanos. Foto: Arquivo Pessoal

09/06/2021 - Tempo de leitura: 3 minutos, 24 segundos

O cinema é responsável por muitos sucessos na vida do cineasta Roberto Santucci (que dirigiu, entre vários, Tudo bem no Natal que vem, a primeira dramédia brasileira da Netflix em 2020 e top do streaming em vários países) e também transformou o modo como ele passou a se locomover. Em 2010, depois de assistir ao documentário Quem matou o carro elétrico? (2006), dirigido por Chris Pine, que conta a história do GM EV1, carro 100% elétrico lançado pela GM em 1996 de modo experimental, ele diz ter aberto os olhos para essa questão, tornando-se um entusiasta da causa.

“Até minha mãe já está pensando em adquirir um para fazer sua parte em melhorar a qualidade ambiental”, conta o também cofundador da Associação Brasileira dos Proprietários de Veículos Elétricos Inovadores (Abravei).

Poucos anos depois, Santucci teve a oportunidade de conhecer um dos primeiros BMW i3. “Fiquei encantado com o projeto, não só por ser 100% elétrico mas pela proposta, pelo design e por uma série de tecnologias envolvidas. Mas, nessa época, me choquei com o preço: cerca de R$ 240 mil”, lembra. Santucci, que também é fã de automóveis esportivos e possantes, namorou o carro até que, no final de 2015, ao saber da redução no preço, investiu no modelo.

“É o carro do futuro, muito distante de tudo que a gente já dirigiu. [O inventor e engenheiro] Nikola Tesla já mostrava os benefícios do primeiro motor de indução movido por corrente alternada, em 1888, mas, ainda hoje, andamos com veículos de tecnologia, há muitos anos ultrapassada, utilizando gasolina, de manutenção caríssima, e outras desvantagens.”

Segurança e economia

Como admirador de carros, ele prefere que os modelos a combustão sejam destinados ao divertimento, para dirigir esportivamente, trocar de marchas, andar rápido, mas sem arriscar a vida dos outros. Coisas não possíveis nas cidades. “Das locomoções, 99% são nos centros urbanos e, neles, o carro elétrico permite muito mais qualidade, segurança, performance e economia”, explica Santucci, que calcula ter poupado cerca de R$ 40 mil com a troca. “Daqui a dez anos, as pessoas enxergarão a superioridade desse tipo de veículo, que deve ficar mais barato, ter mais autonomia. Mesmo agora, já é imbatível, não tem como comparar. Seria como um smartphone versus um telefone com fio.”

Ele tem bons argumentos para quem contesta a autonomia dos elétricos: um carro não anda 24 horas e, em muitas delas, ele fica parado em casa, que é seu ‘posto de gasolina’. “Dá para carregar à noite e, se for necessário, no trabalho, caso seja muito longe. A autonomia média das pessoas é de 20 a 30 quilômetros por dia, e a maioria nem a utiliza por completo. Por isso, mesmo quem quer carro para viajar deve avaliar qual é essa distância e, em casos de longas jornadas, existem modelos com extensores. É uma questão de organização também.”

Peças importadas

Preços ainda altos à parte ele acredita que devam baixar com a chegada de novos modelos , o que ainda pega é a questão das peças, todas importadas. “Os pneus não suportam as condições das nossas ruas, cheias de crateras. Se furar e, por estar lidando com uma marca cara, além do preço, não há estoque e a espera é problemática.”

De acordo com ele, graças à Abravei, foi possível, junto com outros proprietários, abrir uma importação com “preços dentro da normalidade” para que todos pudessem ter um jogo de pneus em casa, driblando, assim, a falta do item nas concessionárias. “A associação é muito valiosa porque dá um suporte inigualável, concentrando um conhecimento nada parecido no Brasil”, avalia. “São vários donos, mecânicos e apaixonados que trazem informações diárias de todos os lugares do mundo, que respondem a dúvidas e dão todos os esclarecimentos para que o usuário do elétrico não tome sustos por aí.”