Apesar de os especialistas apontarem a eletrificação dos veículos como uma tendência que veio para ficar, as iniciativas do segmento de duas rodas ainda eram tímidas e limitadas a fabricantes menores, pelo menos até agora. Mas o jogo está mudando. Afinal, grandes marcas, como Honda e Kawasaki, anunciaram, recentemente, os planos para a eletrificação de suas motos e, assim, reduzir a emissão de carbono nas próximas décadas.
Como geralmente acontece com novas tecnologias, os automóveis estão mais avançados no processo de eletrificação. Porém, é inevitável que o movimento chegasse, também, às motocicletas. Prova disso é que surgiram diversas novas motos eletrificadas nos dois maiores salões de moto do mundo, o Intermot, realizado na Alemanha, em outubro passado, e o Eicma, que aconteceu em Milão, na Itália, no início de novembro.
Durante o Salão de Motos de Milão (Eicma), a Honda mostrou a EM1 e:, seu primeiro modelo elétrico que será vendido, comercialmente, na Europa. Até então, a maior fabricante de motos do mundo tinha apenas iniciativas pontuais, com o leasing de modelos elétricos para empresas japonesas.
Com lançamento previsto para 2023, a EM1 e: é o primeiro modelo revelado, após o anúncio dos planos da marca em introduzir dez ou mais motos elétricas, globalmente, até 2025. Segundo a Honda, “o objetivo é atingir a neutralidade de carbono para toda a sua linha de motos até 2040”.
A transição, porém, deverá ser gradual, pois a marca japonesa afirmou que continuará desenvolvendo motores de combustão interna mais eficientes e menos poluentes. Citou até os motores bicombustíveis, desenvolvidos no Brasil, e que devem chegar, em breve, à Índia. Uma vez que o país asiático também aposta no etanol, para reduzir a poluição emitida pelas milhões de motos que rodam em suas ruas.
Feito para pequenos deslocamentos, o EM1 e usa um módulo de baterias removíveis que fornece autonomia para 40 quilômetros. Embora possa ser carregado em tomadas comuns, o Honda Mobile Power Pack segue o padrão para baterias intercambiáveis, criado por um consórcio formado pelas quatro grandes empresas japonesas, além das europeias KTM e Piaggio. Futuramente, o plano da Honda e dos outros fabricantes é também adotar as estações de troca de bateria, recém-implantadas no Japão.
Embora o Brasil tenha sido citado apenas como exemplo de motores flex, fontes ligadas à empresa afirmam que a matriz enxerga potencial para as elétricas no mercado brasileiro. Afinal, a Honda tem uma fábrica com enorme capacidade produtiva em Manaus (AM), e o Brasil é um dos principais mercados mundiais da marca. Mas, por enquanto, a empresa não divulgou planos concretos para a eletrificação das motos nacionais.
O presidente mundial da Kawasaki Motors Corporation fez questão de ir ao salão de Milão para apresentar duas motos elétricas que chegam ao mercado europeu no ano que vem. Hiroshi Ito reforçou o compromisso da marca em alcançar a neutralidade em carbono e em fazer a eletrificação de suas motos. Para isso, a fabricante japonesa também revelou um modelo híbrido, ainda em fase de testes, além do protótipo de um motor de quatro cilindros alimentado por hidrogênio.
Juntamente com a versão final da moto naked Z EV (electric vehicle), a Kawasaki revelou uma versão elétrica da famosa esportiva Ninja. Ambas, porém, compartilham o mesmo motor elétrico, alimentado por duas baterias, com capacidade para 3 kWh.
Embora não tenha divulgado números de desempenho do motor elétrico, tampouco a autonomia da bateria, a fabricante japonesa afirmou que os modelos vão atender às necessidades de motociclistas urbanos. As primeiras motos elétricas da Kawasaki serão licenciadas na categoria A1, que, na Europa, permite conduzir motocicletas entre 50 e 125 cc ou com até 11 kW de potência.
Como já revelou ao Mobilidade a diretora comercial da Kawasaki Brasil, Sônia Harue Endo, inevitavelmente, essas motos devem chegar ao País. “Não no mesmo tempo do que no exterior, por causa das limitações de infraestrutura, entre outras dificuldades”, acrescentou a executiva, confirmando que, cedo ou tarde, a eletrificação da frota de duas rodas também chegará ao Brasil.