Assim como o comércio eletrônico, os veículos elétricos vieram para ficar. A empresa 2W Motors enxergou uma oportunidade e criou triciclos elétricos para oferecer uma solução sustentável para realizar entregas de última milha, a chamada last mile.
“A gente já estava em negociação, com a Piaggio, para importar o Ape e transformá-lo em elétrico, antes mesmo da pandemia. O crescimento do delivery e do e-commerce incentivou ainda mais nossa empreitada”, conta Raul Fernandes Jr., sócio proprietário da 2W Motors, que já representa as motos Husqvarna e as bicicletas Fantic e KTM no Brasil.
De origem italiana, o Ape nasceu, há mais de 70 anos, como um veículo utilitário feito sobre a base da famosa Vespa. Por isso, em vez de volante, tem guidão e, para conduzi-lo, é preciso ter carteira de habilitação na categoria A, para motos. O Ape é comum nas ruas italianas e também na Índia, de onde a brasileira 2W importa os modelos a combustão.
A transformação do Ape em um triciclo elétrico já é comum em outros países do mundo, explica Fernandes Jr. Mas a empresa optou por fazer a mudança no Brasil em parceria com multinacional WEG, baseada em Santa Catarina.
O primeiro protótipo tem baterias de chumbo-ácido, que entregam menos potência e têm menor autonomia. “Mas a versão final possui baterias de íons de lítio, mais potência e, também, mais alcance”, revela o diretor da 2W Motors.
O triciclo, batizado de E-Cargo, conta com motor com potência de 24 kW, pode rodar até 90 quilômetros e levar 550 quilos. A recarga da bateria pode ser feita em tomadas comuns e leva quatro horas.
Prova de que eletrificação não é algo assim de outro mundo, o motor a combustão é substituído por um elétrico e, no lugar do tanque de combustível, entra o pacote de baterias. Todo o restante do conjunto mecânico é semelhante ao Piaggio Ape, movido a gasolina. Guidão, câmbio, freios e cabine são originais.
Com a versão final em fase de conclusão, o triciclo 2W Motors E-Cargo será vendido sob encomenda. “O preço final deve girar em torno de R$ 75 mil a R$ 90 mil”, estima Raul Fernandes Jr. Com valor mais acessível que um VUC e com mais capacidade de carga que uma moto, o triciclo elétrico será uma opção para padarias, restaurantes e outros comércios realizarem entregas sem poluir.
“Já estamos em negociação com uma grande empresa do ramo alimentício para transformar o E-Cargo em um food truck, que pode facilmente se mover para eventos, shopping centers e outros locais”, destaca o empresário.
A 2W Motors também acredita no mercado B2B, como empresas que precisam reduzir sua pegada de carbono e transportar cargas dentro de grandes plantas fabris e centros de distribuição.
Também haverá uma versão de passageiro, chamada de E-Passenger, que lembra os famosos tuk-tuks indianos, mas eletrificados. Com capacidade para três passageiros, além do condutor, o triciclo deve atender a hotéis e resorts no transporte de hóspedes e visitantes.
Importadora oficial do Piaggio Ape, a 2W Motors também deverá comercializar o modelo City original, de três lugares, ou seja, movido a gasolina.
Com preço mais acessível, entre R$ 35 mil e 40 mil, o Ape City deve atender aos serviços de mototáxi, comuns em cidades menores do interior do Brasil, e até mesmo ao Uber Moto, modalidade do app de transporte já disponível no País.